Pela primeira vez na história, o Brasil dispõe de um Ministério dos Povos Indígenas. A pasta é comandada pela ministra Sônia Guajajara, eleita deputada federal pelo Psol de São Paulo. Além da conquista ministerial, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas, antiga Fundação Nacional do Índio (Funai), também tem a sua frente uma gestora indígena, Joenia Wapichana (Rede Sustentabilidade).
A conquistas é vista com bons olhos para as lideranças indígenas do Acre, que ao longo dos últimos anos perderam estruturas políticas, a exemplo da Assessoria Especial de Povos Indígenas que foi extinta desde a primeira gestão do governador Gladson Cameli (PP).
“A criação do Ministério dos Povos Indígenas, pelo governo Lula, nós vemos como o resultado de muitas lutas. Esse já era um sonho nosso antigo, de reivindicações antigas”, destacou Nedina Yawanawa, coordenadora da Organização de Mulheres Indígenas do Acre, Sul do Amazonas e Noroeste de Rondônia (Sitoakore).
Ainda segundo Nedina, o presidente Lula foi ousado. “O Ministério deu um passo muito grande que o governo deu, ele [Lula] foi muito ousado e, pra nós, a gente recebe com muita felicidade”, disse a liderança, dando ênfase ao que ela considera uma reparação histórica.
“O governo busca fazer reparações, como ele [Lula] mesmo reconheceu que poderia ter feito muito mais pelos povos indígenas. Então, agora, ele pode reparar o que não fez e está oferecendo a oportunidade para que os próprios indígenas sejam protagonistas desse processo, ficando a frente de órgãos como a Funai e é uma mulher indígena, e isso nos deixa ainda mais felizes, por ver o resultado de uma luta das mulheres indígenas”, observou Nedina.
Compromisso político
Para o cacique do povo Huni Kuin, Ninawa Huni Kuin, o Ministério dos Povos Indígenas é uma demonstração de compromisso político. “Em 523 anos de resistência dos povos indígenas, após a invasão do Brasil, um governo resolve realmente efetivar ações afirmativas e valorizar a importância dos povos indígenas para o país”.
Ainda segundo Ninawa, Lula está dando a oportunidade aos povos indígenas de contribuírem politicamente com a transformação do Brasil. “Em vez de apenas consultar a gente, para fazer políticas públicas, o governo Lula está viabilizando que os próprios povos indígenas construam as políticas públicas”, salientou.
Ninawa Huni Kuin é presidente da Federação do Povo Huni Kui do Estado do Acre (FEPHAC), foi candidato a deputado federal nas últimas eleições e foi indicado para coordenar o Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Purus (DSEI/ARPU).