Após reivindicação do Conselho Estadual dos Direitos da Mulheres (Cedim) e do movimento feminista, o governador Gladson Cameli (PP) elevou a pasta de mulheres, anteriormente alocada em uma diretoria, para o patamar de Secretaria Adjunta de Estado, em seu segundo mandato.
Quem assumiu a gestão da Secretaria Adjunta de Mulheres foi a delegada aposentada, Márdhia El-Shawwa, 44 anos, que atua há 20 anos na área de segurança pública do Acre.
A temática de gênero não é novidade para Márdhia, que já foi delegada titular nas Delegacias Especializada de Atendimento à Mulher, Núcleo de Atendimento à Criança e ao Adolescente – Nucria e na Delegacia de Polícia Interestadual.
Na gestão anterior de Cameli, Márdhia era secretária adjunta de Justiça e Segurança Pública. Chegou a ser convidada para assumir a Secretaria de Segurança Pública, mas, optou por atuar na luta por políticas públicas para as mulheres.
“Eu vim para contribuir na transformação da realidade das mulheres do Acre”, destacou Márdhia, que foi coordenadora do Programa “Acre pela Vida” e aposta na independência financeira das mulheres, associada as políticas públicas, para acabar com os altos índices de violência no estado.
“Temos que gerar emprego e renda para as mulheres, além de, claro, oferecermos uma Rede de Atendimento e Proteção fortalecida para que elas saibam onde buscar ajuda e, até mesmo, possam conhecer os seus direitos, o que tem de políticas públicas para elas. Estou muito otimista e acredito que, juntamente, com o governo federal, vamos obter bons resultados”, salientou a secretária.
Natural de Tarauacá, a nova secretária adjunta de Mulheres do Acre tem muitos desafios pela frente, entre eles, o alto índice de feminicídio do Estado, que há quatro anos ocupa o primeiro lugar no ranking nacional de assassinatos de gênero do país.
Para a presidente do Cedim, Geovana Castelo Branco, a implantação de uma Secretaria Adjunta de Mulheres no Acre é uma conquista importante. “Não é o que nós esperávamos, mas, já é um grande avanço. Nós saímos de uma diretoria que não tinha autonomia para nada. E o que nos foi prometido é que, apesar de ser uma Secretaria Adjunta, ela teria recurso financeiro e autonomia de gestão. E a gente espera que isso se cumpra”, observou.
Parcerias
Para vencer as adversidades, a gestora aposta em parcerias. “Sabemos que temos que aperfeiçoar o fluxo de atendimento às mulheres em situação de violência e precisamos resgatar as redes de proteção”, enfatizou Márdhia, que já apresentou ao governador e à governadora o plano de ação dos primeiros 100 dias de gestão.
Entre as primeiras medidas adotadas pela secretária, destaca-se o mapeamento das instituições da sociedade civil organizada que atuam na temática de gênero. “A intenção é fazer um grande encontro para alinharmos as nossas ações. Além disso, vamos dialogar com todos os prefeitos e prefeitas para sensibilizá-los para a causa”, disse.
Membra titular do Cedim, o nome de Márdhia El-Shawwa é visto com otimismo pelas demais conselheiras. “É uma pessoa que já entende, faz parte do conselho, que está com vontade de trabalhar, que tem perfil para atuar com políticas para as mulheres. Tem tudo para dar certo, basta deixar ela trabalhar, lhe dando autonomia para a escolha de uma equipe assertiva”, reforçou Geovana.