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Após protestos, pesquisador da Ufac alerta para risco de crise migratória entre Brasil e Peru, com entrada pelo Acre

Foto: Juan Diaz

O professor e pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac) Foster Brown se reuniu com a coordenadora do Grupo de Atuação Especial em Contextos Migratórios (Gaemig) do Ministério Público, procuradora de Justiça Kátia Rejane, para discutir o risco de uma possível crise migratória entre Brasil e Peru, diante dos protestos que ocorrem no país vizinho.

Segundo o pesquisador, os peruanos da cidade vizinha de Puerto Maldonado, que vive um isolamento por conta do bloqueio de estradas, podem ser os primeiros a migrar para o Brasil, através do Acre. Isto porque, os manifestos causam o aumento de preços de alimentos, escassez de combustível e, além disso, existe a possibilidade da crise se transformar em uma guerra civil.

Foster afirma que o Acre precisa se preparar para uma possível migração em grande escala, assim como ocorreu em 2010, com a migração de haitianos para o Brasil pelo Acre.

“O atual cenário no Peru é preocupante, com isolamento e conflitos sociais marcantes. A divisão da sociedade é forte e o país corre o risco de caminhar para uma guerra civil. É importante que o Estado do Acre esteja preparado para possíveis migrações e tenha um plano de contingência, que possamos aprender com erros do passado para não os repetir. Sonhamos com uma defesa civil proativa, com mais recursos para poder atuar”, disse.

Pesquisador Foster Brown e procuradora do MPAC Kátia Rejane. Foto: Assessoria

A procuradora também acredita que é necessário trabalhar a prevenção e pensar em possível ações futuras.

“É importante iniciarmos um diálogo mais aprofundado com a defesa civil estadual e dos municípios que recebem migrantes, promovendo uma reunião para pensar em possíveis medidas, bem como realizarmos uma avaliação de nossas ações em eventos passados e o que precisamos melhorar”.

E acrescentou: “Além disso, é fundamental a elaboração de um plano de contingência para enfrentarmos essas possíveis crises de maneira mais eficaz. É nossa obrigação ajudar a garantir o atendimento adequado e os direitos humanos desses migrantes”.

Crise no Peru

Os protestos no Peru eclodiram em 7 de dezembro, depois que Castillo foi deposto pelo Congresso após uma tentativa fracassada de dissolvê-lo e governar por decreto. Dina Boluarte, que era sua vice-presidente, o substituiu para cumprir o mandato legal que termina em 2026. Mais de 50 pessoas foram mortas em protestos contra o novo governo.

Na fronteira com o Acre, peruanos já estão comprando combustível em Epitaciolândia e Brasileia. Além disso, no dia 5 de fevereiro, Boluarte publicou Decretou Estado de Emergência em oito departamentos, inclusive um que faz fronteira com o estado acreano: Madre de Dios. Além deste departamento, também estão em Estado de Emergência Amazonas, Cusco, Puno, Apurímac, Arequipa, Moquegua e Tacna. O decreto vale por 60 dias.

Com informações Agência MPAC

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Bruna Mello: