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Acreanas celebram 91 anos da conquista do direito ao voto feminino: ‘democracia’

No Brasil, em 24 de fevereiro de 1932, as mulheres passaram a ter a prerrogativa de participar da escolha dos representantes políticos por meio do voto. O direito só foi reconhecido por meio do Decreto nº 21.076, do então presidente Getúlio Vargas.

Apesar da conquista, os desafios que permeiam o universo das mulheres na política ainda são muitos, como, por exemplo, a eleição de mais mulheres para ocupar cargos políticos e decisão nas distintas esferas de poder.

Para a ex-vice-governadora do Acre, Narazerth Araújo, a conquista do voto feminino é fundamental para a manutenção da democracia.

“É uma conquista importantíssima, porque através do voto, nós temos a participação das escolhas para o destino da nossa nação, das cidades. Ainda que num contexto extremamente patriarcal, mas, nós temos a relevância dessa conquista, que é fundamental dentro de uma democracia para que se ganhe o relevo da importância da mulher na sociedade”, frisou.

Em 2022, Nazareth Araújo concorreu a uma vaga no Senado pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Atualmente, das três vagas de senadores destinadas ao Acre, todas são ocupadas por homens. Das 24 vagas para deputados na Assembleia Legislativa (Aleac), apenas três são de mulheres – Michelle Melo (PDT), Antônia Sales (MDB) e Maria Antônia (PP).

Concita Maia foi secretaria de Políticas paras as Mulheres do Acre (Foto: Secom)

“Precisamos evoluir de uma forma mais rápida para algumas conquistas. Dentro da representação dos espaços de discussão, como os congressos, as representações legislativas e as Câmara Municipais, o Brasil não tem uma posição boa no ranking mundial. A gente espera que, cada vez mais, as pessoas valorem e entendam a importância de sua participação no contexto de mudar a realidade. Nós temos que estar atentas no exercício da nossa cidadania”, destacou Nazareth.

Ativistas feminista, a presidente do Instituto Mulheres da Amazônia (IMA), Concita Maia Manchineri, recorda como foi o seu primeiro voto.

“É um avanço político das mulheres muito significativo. Eu lembro do meu primeiro voto, naquela época a gente votava com 18 anos, e eu votei em um senador que defendia o divórcio. Foi um voto de conquista de liberdade das mulheres, que era o direito ao divórcio.”, relembrou.

Apesar dos desafios ainda postos, é inegável o poder social do voto feminino. “Quando as mulheres passam a votar, elas começam a ser vistas como cidadãs”, enfatiza Concita, que já foi Secretaria de Estado de Políticas para as Mulheres.

Abaixo ao patriarcado!

Almerinda Cunha é coordenadora da Associação de Mulheres Negras do Acre (Foto: Cedida)

A coordenadora da Associação de Mulheres Negras do Acre (AMN/AC) e ativista feminista, Almerinda Cunha, observa que ainda é preciso “desatrelar o voto feminismo do patriarcado, ao poderio do homem sobre o voto dela, sobre a influência do homem no voto feminino”.

A ativista salienta também a baixa representatividade de mulheres negras na política. “Nós ainda somos muito poucas no Parlamento, em cargos do Executivo e de poder de mando. Somos muito poucas e, quando se trata de mulher negra, é ainda mais baixo. As dificuldades para as mulheres negras são muito maiores. Para que possamos superar isso, precisamos desconstruir o patriarcado, que tanto mata e prejudica a ascensão das mulheres”, afirmou.

Categories: POLÍTICA
Maria Meirelles: