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Acre tem redução de 23% nos casos de feminicídios e cai para 4° lugar no ranking nacional

O Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) divulgou nesta quarta-feira, 8, Dia Internacional da Mulher, um infográfico com dados atualizados sobre feminicídios no Acre, entre os anos de 2018 e 2022. O estudo aponta uma redução de 23% nos casos de feminicídios, no ano passado, no estado.

De acordo com a publicação, foram registrados 60 casos de feminicídio no estado do Acre entre 2018 e 2022, com o número de vítimas oscilando entre 11 e 14 em cada ano, exceto em 2022, quando o número caiu para 10 casos. Rio Branco foi a cidade com o maior número de casos de feminicídio no período analisado, concentrando 35% do total de casos. No entanto, desde 2020 ocorreu uma redução e, em 2022, nenhum caso de feminicídio foi registrado na capital.

A coordenadora do CAV e Natera celebrou a redução (Foto: MPAC)

Para a procuradora de Justiça do MPAC e coordenadora do Centro de Atendimento à Vítima (CAV) e Natera [Núcleo de Apoio e Atendimento Psicossocial, Patrícia Rêgo, a redução aponta para um cenário de esperança.

“A gente tem que abraçar isso como esperança e empoderamento, cada vez mais, dos trabalhos que vêm sendo realizados. É difícil avaliar os motivos da causa, precisamos estudar melhor para entender porque o cenário mudou. Mas, eu acho que a gente precisa comemorar isso, até como forma de incentivar as pessoas que atuam no combate ao feminicídio e à violência doméstica. Pelo menos, é um alento para dizer ‘é possível mudar o cenário’. Então, eu vejo com alegria e esperança essa redução”, frisou Patrícia.

O estudo foi elaborado pelo Observatório de Análises Criminais do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) e Observatório de Gênero (Obsgênero) e tem como objetivo fornecer uma síntese situacional dos crimes com demonstrações em gráficos e tabelas, permitindo uma leitura rápida das características específicas dos crimes de feminicídio.

Com os novos números, o Acre deixou de liderar o ranking nacional de feminicídios e caiu para a quarta posição, ficando atrás de Mato Grosso do Sul, Rondônia, Mato Grosso e Acre. No cenário nacional, os números apresentaram um crescimento nos casos de feminicídios, enquanto no Acre houve um decréscimo.

Municípios

Os municípios de Cruzeiro do Sul e Tarauacá ficam logo atrás de Rio Branco no período analisado, ambos com 10% dos casos, enquanto Capixaba, Bujari, Porto Walter, Manoel Urbano, Santa Rosa do Purus e Xapuri não registraram nenhum feminicídio. Dos 10 casos ocorridos em 2022, três foram registrados na cidade de Feijó e dois municípios apresentaram pela primeira vez casos de feminicídio: Assis Brasil e Brasileia.

Autores

O infográfico aponta que 80% dos autores dos crimes eram companheiros ou ex-companheiros das vítimas, e 46% tinham antecedentes criminais. Dentre eles, 55% estavam na faixa dos 13 a 34 anos, 35,4% foram condenados e 23,1% foram presos preventivamente. Os dados também indicam que a arma branca (65%) foi o instrumento mais utilizado nos crimes, seguido por arma de fogo (23%).

Quanto ao perfil das vítimas, a maioria era de cor parda ou preta (85%), na faixa etária de 14 à 34 anos (65%) e 12% das mulheres vítimas nos casos dentro do contexto da violência doméstica e familiar tinham ou tiveram medidas protetivas. Além disso, a maior parte dos crimes ocorreu em residências (72%) e 70% das vítimas eram mães, deixando 99 órfãos.

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