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Alheamento

Olhando o Rio Acre baixando novamente suas águas, as pessoas que moram em áreas alagadiças limpando suas casas em meio a lama e doenças causadas pela cheia, alguns até felizes, me veio à mente o sentido do provincianismo.
Atoleimado é aquele que se nega a ver a realidade para além do ponto de vista acomodado aos preconceitos e termina sem perceber a contradição, princípio de toda a riqueza que eleva o espírito. O acreano é a contradição em pessoa, a opção de dar as costas para o mundo é equivocada e precisa ser corrigida em respeito à natureza selvagem e ao gênio bravio da própria, mas em meio ao mundo ele se arma.

Parece que não é destino nem sina, é opção, ou seja, alguma espécie de corruptela, afinal de contas a ação propriamente dita decide-se pela escolha com a qual conquistamos a liberdade e desenvolvemos o sentido para fazer a história; dar as costas para o mundo é abandonar-se miseravelmente do lado de fora.
Resta pedir a Deus e ele não ouve o rogo que suplica atenção, preocupado que está em resolver as contradições e seguir adiante pelo caminho da evolução.
A opção tem o mesmo sentido de um desvio, como o capricho tem o mesmo sentido de um arbítrio, optar pelo alheamento como se a alienação confortasse o homem satisfeito consigo mesmo é simplesmente um absurdo que escraviza o povo para obrigá-lo a viver sob o regime de uma ilusão.
O fato é que descobrimos na mentalidade provinciana o autoritarismo de uma política desnaturada, incapaz de compreender o conceito de desenvolvimento em seu aspecto revolucionário.

Ao invés de limitar a felicidade ao contentamento que nivela a população pela bitola da satisfação, precisamos lembrar que foram os homens do Acre, único Estado do país, que lutou para ser de fato, brasileiro. Por isso penso também serem capazes de abrir a perspectiva do mundo em meio ao qual o Brasil apresenta-se como uma potência.

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