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Estudo inédito do Itaú Cultural mostra o poder da economia da Cultura e Indústria Criativa no Brasil

Segundo o indicador, o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no país em 2020, o que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no período. Foto: Bruno Poletti

A Fundação Itaú Cultural lançou uma plataforma inédita que mensura o Produto Interno do Brasil (PIB) da Economia da Cultura e Indústrias Criativas (ECIC). O lançamento ocorreu nesta segunda-feira, 10, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo.

A coletiva de imprensa contou com a participação do presidente da Fundação Itaú, Eduardo Saron, e do professor e pesquisador da University of Manchester e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Leandro Valiati, além de jornalistas, convidados pela Fundação, de todas as regiões do Brasil. A GAZETA representou o Acre no evento, a convite do Itaú Cultural.

São Paulo, 10.04.2023 – Coletiva de Imprensa – Lancamento do PIB da Economia da Cultura e das Industrias Criativas. Foto: Bruno Poletti

Mas qual a importância desse novo PIB? A nova metodologia permite avaliar de forma estruturada a contribuição dos setores criativos para a economia brasileira. Os setores criativos reúnem moda, atividades artesanais, indústria editorial, cinema, rádio e TV, música, desenvolvimento de software e jogos digitais, serviços de tecnologia da informação dedicados ao campo criativo, arquitetura, publicidade e serviços empresariais, design, artes cênicas, artes visuais, museus e patrimônio.

Segundo o indicador, o segmento respondeu por 3,11% das riquezas geradas no país em 2020, o que equivale a R$ 230,14 bilhões dos R$ 7,4 trilhões movimentados pela economia no período. O PIB de 2021 e 2022 ainda não estão disponíveis porque dependem da atualizaçao de bases oficiais de dados.

Renda e emprego

São mais de 7,4 milhões dos empregos formais e informais gerados pela cultura e economia criativa no Brasil, em 2022 (dados do quarto trimestre), o que equivale a 7% do total dos trabalhadores da economia brasileira. O número é 4% maior que o verificado em 2021. Só no ano passado, a cultura e a economia criativa geraram 308,7 mil novos postos de trabalho no país.

Para se ter uma ideia da magnitude da participação, em 2020 o setor automotivo respondeu por 2,1% do PIB (dado IBGE), um ponto percentual a menos que a cultura e as indústrias criativas no mesmo intervalo.

De acordo com os dados do PIB do Observatório Itaú Cultural, em 2020, existiam mais de 130 mil empresas de cultura e indústrias criativas em atividade no país.

PIB da Cultura e indústrias criativas

A pesquisa foi elaborada a partir do critério de renda, que inclui massa salarial, massa de lucros e outros rendimentos auferidos por empresas e indivíduos no país.

Quanto à metodologia, a Fundação explica que foi desenvolvida por um grupo de pesquisadores, liderado por Leandro Valiati. Os pesquisadores levaram em consideração dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNADc/IBGE), da Relação de Informações Sociais (RAIS), do Programa de Avaliação Seriada (PAS) e da Pesquisa Anual de Comércio (PAC), além das Tabelas de Recursos e Uso do IBGE (TRU) para contabilização dos impostos e o histórico de prestação de contas da lei Rouanet.

“Não se trata de substituir órgãos de estatísticas, como o IBGE, mas é um exercício de construção de uma narrativa específica, que produz conhecimento. Cultura e indústrias criativas são relevantes e essenciais para se realizar estratégias de desenvolvimento econômico. Mais 30 especialistas nacionais e um conjunto de especialistas internacional validaram a metodologia, apontando possíveis melhorias para o futuro”, explica o pesquisador.

A participação do PIB da ECIC era de 2,72%, em 2012, e saltou para 3,11%, em 2020.

Este primeiro levantamento mostra que o PIB da Economia da Cultura e Indústrias Criativas (ECIC) vem crescendo de forma mais acelerada que o total da geração de riquezas no país nos últimos anos. De 2012 a 2020, o PIB dos segmentos criativos, em números absolutos, experimentou crescimento de 78%, enquanto a economia total do país avançou 55%. A participação do PIB da ECIC era de 2,72%, em 2012, e saltou para 3,11%, em 2020.

A participação do PIB destes segmentos no país é maior, por exemplo, do que na África do Sul (2,9%), Rússia (2,4%) e México (2,9%).

São Paulo, 10.04.2023 – presidente Eduardo Saron. Foto: Bruno Poletti

“É fundamental que a gente possa provar também a importância da Cultura no campo do desenvolvimento econômico. Há um sentimento muito poderoso de que nós desenvolvemos economicamente o país, por isso esse trabalho de um ano e meio para que pudéssemos chegar a essa metodologia, que nos traz o tamanho e poder da Cultura, nos referenciando internacionalmente e em outros campos da economia”, disse o presidente da Fundação Itaú.

Cultura e produção criativa no Norte

O levantamento também traz números que mostram a contribuição do ECIC para o PIB dos estados e das regiões.

A Contribuição do PIB Economia da Cultura e Indústrias Criativas para a região Norte corresponde a 0,3%. Já para o Acre, a contribuição é de 0,22%, a segunda menor contribuição da região norte, ficando atrás somente para Roraima, que é de 0,21%.

As regiões Sul e Sudeste são as regiões com maior contribuição do PIB da cultura e indústrias criativas. Veja abaixo a contribuição por estados e regiões.

Impacto real

Se você chegou até aqui, deve estar se perguntando: como esses números vão impactar na vida de quem vende/produz/empreende na área de cultura e indústria criativa?

O pesquisador da University of Manchester e Universidade Federal do Rio Grande do Sul explicou como os números, que estarão sendo atualizados periodicamente, pode ajudar um artesão que trabalha com produtos regionais, por exemplo.

São Paulo, 10.04.2023 – pesquisador Leandro Valiati. Foto: Bruno Poletti

“O pequeno empreendedor pode saber quantas empresas existem no setor que ele quer trabalhar ou já trabalha, quantos empregados formais e informais estão na área que ele quer empreender ou já empreende. São indicativos importantes para que o empreendedor olhe para o mercado e tenha mais informações para tomar decisões. No momento em que houver mais dados estaduais e municipais, mais fácil fica pra você ter a micro informação”, explicou.

E por falar em dados estaduais e municipais, a programação do lançamento inclui a construção de uma agenda cultural com representantes de diversos estados, municípios, governo federal e da Fundação. O encontro será realizado nesta terça-feira, 11, na sede do Itaú Cultural, em São Paulo.

Sobre o Observatório Itaú Cultural

O Observatório Itaú Cultural foi criado em 2006 com foco na gestão, na economia e nas políticas culturais e promove, desde então, estudos e debates desses temas, estimulando a reflexão sobre a cultura em seus vários aspectos e analisando os indicadores nacionais. A atuação do observatório é ampliada com seminários, cursos, encontros e palestras; uma linha editorial de livros e da Revista Observatório, disponíveis gratuitamente na web; e a promoção de pesquisas sobre o campo cultural.

Entre 2009 e 2019 realizou, ainda, um curso de especialização em gestão cultural em parceria com a Cátedra Unesco de Políticas Culturais, a Cooperação da Universidade de Girona, Espanha, e com o apoio da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI). Em 2021, o Observatório lançou o Mestrado Profissional em Economia e Política da Cultura e Indústrias Criativas em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

 

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