Dignidade é o que a Prefeitura de Rio Branco assegura aos desabrigados pela enchente, por meio do intenso trabalho realizado pelo Restaurante Popular para garantir alimentação diária nos dez abrigos instalados nas escolas municipais. Entre almoço e jantar, são entregues em média, mais de duas mil refeições, produzidas na hora, todos os dias.
Desde 23 de março, quando a repentina elevação do nível do Rio Acre desabrigou centenas de pessoas, a orientação do prefeito Tião Bocalom (PP) foi imediatamente suspender as atividades normais do restaurante, para priorizar o atendimento nos abrigos do município.
A partir de então, a rotina da unidade mudou: às 6h, os primeiros integrantes da equipe responsável pela cozinha já começam a chegar para higienizar o espaço e organizar os insumos e itens que serão utilizados para a produção do almoço. Aos poucos, outros funcionários vão se juntando ao grupo.
No total, 24 dedicados profissionais, trabalhando devidamente protegidos com luvas, máscaras e toucas, participam de todo o processo, desde a limpeza do local até a embalagem. Para ter acesso ao ambiente da cozinha, é obrigatório utilizar adequadamente todos os equipamentos de proteção.
Para garantir refeições saudáveis, balanceadas e originadas em processos seguros, a preparação é acompanhada de perto pelos nutricionistas, Sergiane Costa e André Cavalcante.
A nutricionista, que também é chefe da Divisão de Segurança Alimentar e Nutricional da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH), explica que as refeições são feitas com o máximo de cuidado para que a comida seja nutritiva, garantindo segurança alimentar aos acolhidos.
“Independente do momento, o padrão de produção do Restaurante Popular sempre preza pelos detalhes em relação à segurança alimentar e qualidade. Estamos preparando mais de 400 quilos de carne por dia e isso exige muita atenção durante todo o processo. Estamos servindo uma refeição completa, nutritiva e feita na hora, bem temperada, com legumes e verduras”, afirma.
No cardápio a proteína pode ser: assado de panela, frango desfiado, frango assado, isca de carne ou carne moída. Os acompanhamentos são arroz e feijão, ou baião de dois, macarrão, farofa, legumes, e salada fresca.
De acordo com o nutricionista André Cavalcante, o processo de preparação das refeições é organizado em etapas, seguindo rigorosas normas.
“O tempo médio de preparação é entre 2 e 3 horas, tanto no almoço, como no jantar. É uma comida fresca e produzida dentro dos padrões de higiene necessários para uma produção alimentar em alta escala”, garante.
Após o preparo, as refeições são cuidadosamente embaladas e separadas em isopor higienizado. Em seguida, são colocadas em um caminhão próprio para transporte de alimentos, equipado com baú térmico. Em pouco tempo, todas as refeições preparadas para o almoço, são distribuídas.
Na parte da tarde, após a pausa para o almoço e um rápido descanso da equipe, todo o processo é repetido para que o jantar seja servido no horário determinado.
Sergiane, conta ainda, que não é fácil cumprir todos os dias o planejamento e entregar as refeições no horário. Ela reitera que, apesar dos imprevistos que atrapalham a logística, o balanço é positivo e, salvo poucos incidentes, a alimentação está sendo distribuída dentro do prazo.
“Apesar de trabalhar na capacidade máxima, nós não podemos atrasar. Até o momento, alguns incidentes de atraso, que geram questionamentos pontuais, devido aumento imediato da demanda. Isso pode ocorrer, pois as nossas refeições são feitas na hora para não correr nenhum risco de contaminação e até agora temos obtido sucesso nisso”, completa a nutricionista.
Além das pessoas acolhidas nos abrigos das escolas municipais, também estão sendo beneficiados com a alimentação do restaurante popular, funcionários da prefeitura que atuam na linha de frente da alagação, e acolhidos pela sociedade civil ou por entidades sociais.
Vivendo no abrigo instalado na escola municipal Jorge Félix Lavocart, o desempregado Wesley Santos, morador do bairro Adalberto Aragão, afirma que a refeição atende sua expectativa.
“Estou gostando da refeição que estão servindo aqui. Já atrasou algumas vezes no almoço, mas na janta não. O importante é estar bem alimentado para quando voltar pra nossas casas, tentar recomeçar a vida”, disse.
A aposentada Maria Nájila, acolhida junto com sua família na escola Maria Lúcia Moura Marim, localizada no bairro Morada do Sol, agradeceu pela refeição que está sendo servida no local.
“Sou muito agradecida por essa alimentação que está chegando pra nós, para meus filhos, apesar de não ser a minha comida, não podemos reclamar. Nem sempre é a opção que a gente gosta, mas na minha casa também é assim”, disse.
O diretor de Assistência Social da SASDH, Jeferson Barroso, fez questão de elogiar a equipe que está totalmente empenhada em cumprir as demandas de segurança alimentar e nutricional durante a alagação.
“A equipe do restaurante popular é muito qualificada e dedicada. Toda a logística de preparação e de distribuição foi planejada para que a refeição seja entregue rapidamente no local indicado e consumida, logo após o preparo, ainda quentinha e saborosa”, garante.
Horário determinado para a entrega das refeições:
Almoço: Entre 11:00 e 12:30.
Jantar: Entre 17:00 e 19:00.