A cheia do Rio Acre, em Rio Branco, desabrigou centenas de famílias. O fenômeno natural atípico para o período, além de atingir diversos bairros da zona urbana, deixou 22 comunidades ribeirinhas da Capital debaixo d’água.
A situação se tornou crítica para o homem do campo. Com as plantações prejudicadas pelo alagamento, a maioria da produção foi comprometida, e o que tem, dá somente para sua subsistência.
Quem navega pelas águas barrentas do manancial ver o estrago que a cheia desse ano trouxe. Nas curvas onde a força da correnteza era maior, a vegetação foi toda arrancada e levada para dentro do rio. Muitos barrancos foram destruídos, levando a plantação de muitos produtores rurais.
Na região do Projeto de Assentamento Moreno Maia, de longe se vê o estrago na roça e no bolso do produtor. Quase tudo foi perdido. Apenas o que foi plantado em local alto e longe das margens do rio “escapou” da força da água.
Em um dos roçados, em mais dois meses, o produtor teria colhido macaxeira para vender no mercado e levar o sustento para casa.
Porém, as plantas morreram e as raízes ficaram podres. Quem apostou no milho viu a produção se perder no pé, isso bem no período da colheita. Em toda extensão, as perdas são incalculáveis.
O prejuízo maior é como os bananais. Das bananas que são vendidas em Rio Branco, 70% saem do Moreno Maia.
O produtor João Lucas da Silva, de 58 anos, perdeu quase tudo que cultivou. O bananal era sua maior fonte de renda. Agora, ele não sabe o que fazer para poder manter a família.
“Geralmente você planta um ano pra colher no outro. Se começar tudo agora, pode ser que consiga recuperar uma parte da plantação até outubro, mas não é nada certo. Perdi mais de 80% da minha produção. Tem ribeirinho que já começou a replantar nos barrancos, mas até chegar o período de colheita não vai ter renda nenhuma. Mais de mil famílias foram atingidas pela enchente deste ano. Pedimos ajuda das autoridades”, enfatizou Silva.
A prefeitura de Rio Branco ainda está fazendo o levantamento para saber quantos perderam a produção e estão sem renda. O projeto, aprovado na Câmara de Vereadores e sancionado pelo Prefeito, prevê o repasse em dinheiro, cerca de R$ 3 milhões, para ajudar os produtores atingidos pela enchente.
O vereador Francisco Piaba que vem percorrendo essas comunidades está pedindo que esse benefício seja feito de imediato.
“Muita gente perdeu tudo, macaxeira, banana, arroz, milho, do que estava no ponto de ser colhido. A gente espera que a ajuda chegue logo para essas famílias. Eles vivem afastados da zona urbana, porém ainda fazem parte do município e merecem atenção do poder público”, concluiu o parlamentar.
As fortes correntezas sempre destruíram os barrancos, no entanto, dessa vez, o estrago foi bem maior. Muito material, principalmente areia, foi para o leito do manancial aumentando o assoreamento. Daqui alguns meses, os ribeirinhos não vão poder usar o rio para tirar a produção devido o baixo nível, mais uma preocupação para dezenas de famílias”.