O paulista Pepe Fiamoncini, de 32 anos, se tornou a pessoa a percorrer o maior e mais alto deserto de sal do mundo em menos tempo. Ele atravessou o Salar Uyuni, na Bolívia, em 33 horas, batendo o recorde anterior de 55 horas. Para entrar para o livro dos recordes, ele deveria percorrer a pé e sem parar — correndo, trotando e caminhando — os 170km de uma extremidade à outra do deserto.
O Uyuni, que está a 3.656 metros acima do nível do mar, conta com quase 11 mil km² e temperaturas que variam de 25º a -12ºC. Próximo à Cordilheira dos Andes, o Salar surgiu a partir de um lago pré-histórico que, ao secar, deixou uma paisagem desértica com sal branco e diversas formações rochosas.
A aventura de Fiamoncini na Bolívia começou no dia 10 de maio, às 6h20, quando iniciou a busca pelo recorde. Durante o percurso, o atleta enfrentou temperaturas extremas. Mesmo vestindo roupas de neve, ele teve um quadro de hipotermia, quando os termômetros alcançaram os -10°C. O brasileiro concluiu o percurso em exatas 33 horas, 4 minutos e 10 segundos.
Mudança de vida
Após anos de sedentarismo na pandemia, o empresário decidiu treinar para ser um multiatleta, explorando todo seu potencial físico ou mental. Formado em administração e contabilidade, Fiamoncini deixou de lado o setor corporativo, quando decidiu sair de trás da mesa de trabalho e treinar para competições extremas de alto rendimento.
O atleta participou do Triathlon Ironman com apenas oito meses de preparo, para enfrentar 3,8km de natação, 180 km de bicicleta e 42 km de corrida. Após dominar esse desafio, ele partiu para uma etapa ainda mais difícil, o Ultraman. Nessa competição, ele precisou percorrer 10km de natação, 423 km de ciclismo e 84km de corrida, totalizando três dias completos de prova.
Objetivo para além do desafio
Antes de partir para a missão na Bolívia, o multiatleta criou o projeto “Próximo Passo”, com o intuito de arrecadar doações para ajudar pessoas com deficiência, por meio do programa Correndo Por Eles. A instituição sem fins lucrativos tem a missão de colaborar para a inclusão e autonomia de pessoas com deficiência através da corrida de rua.
“No meio do nada, onde bússola não funciona, escassos pontos de referências, e onde você não vê o fim. Aliás, você só tem noção de que está progredindo olhando para o chão, que é a única coisa que se move. Um momento único de conexão consigo mesmo, sem distração, sem barulhos. Momento esse de olhar para dentro e enfrentar meus monstros internos”, relatou o brasileiro em seu Instagram, ao fim do trajeto.
As evidências enviadas ao Guinness Book, para comprovar o recorde, ainda serão avaliadas. Fiamoncini foi acompanhado por uma equipe de apoio, com um veículo 4×4 e uma bike que monitoraram todo o percurso. Os auxiliares também são responsáveis pela produção de um documentário, que contará a história do atleta e do projeto.
Por O Globo