Organizar as finanças é uma missão difícil para a maioria das pessoas, que precisam fazer com que a matemática entre gastos e ganhos feche. Mas, imagina se você tivesse tido a oportunidade de aprender sobre educação financeira ainda no ensino infantil? De certo, muita coisa seria diferente, não é mesmo!?
E é pensando exatamente no desenvolvimento pessoal dos estudantes que a gestão da Escola de Ensino Fundamental Professora Rita Maia, em Xapuri, interior do Acre, desenvolve o projeto de educação financeira infantil “Leilão da Aprendizagem”.
A iniciativa envolve todas as turmas da manhã e da tarde, num total de 469 estudantes, entre 6 a 11 anos de idade. A feira, que ocorre a cada bimestre escolar, também engloba pais e/ou familiares, professores e amigos da escola.
“A ideia era que a gente pudesse orientar um pouco a família e incentivar as crianças. O objetivo principal é fazer com que as nossas crianças tenham acesso à educação financeira e possam mudar o seu histórico familiar”, observa a diretora de ensino, Valcidene Soares Menezes.
A cada bimestre, a escola realiza um leilão com comidas, sessão de cinema, entretenimento, brinquedos e etc. Para ter acesso aos produtos e serviços, os estudantes devem realizar a troca, utilizando o “dinheiro” que ganharam durante os dois meses de ensino, para “comprar” o que desejam.
Logo, para participar do Leilão da Aprendizagem e “comprar” os produtos, os alunos precisam aprender a administrar o seu “dinheiro” – a escola criou a sua própria moeda, que é adquirida pelos estudantes a depender das notas escolares e comportamentos em sala de aula.
Os produtos comercializados no Leilão das Aprendizagem (doces, brinquedos, entre outros) são doados pelos pais ou responsáveis das crianças e professores.
Melhoria do desempenho escolar
Na avaliação da professora do 1° ano do Fundamental I, Natália Vieira da Silva, o sucesso do projeto pode ser medido pela melhoria significativa do desempenho escolar dos pequenos cidadãos.
“O que percebo é um interesse grande dos alunos em fazer melhor a cada dia. Eles realmente se entusiasmam e sabem que o “dinheiro” é uma compensação dos seus esforços. Na minha turma tinha uma grande dificuldade em levarem a tarefa para casa, pois, os pais não ajudavam. Agora com o dinheirinho, eu pago pela tarefa feita, pago pelas tarefas diárias. Cobro ‘multas’ quando eles fogem as regras da sala. Nisso, trabalhamos as operações de matemática diariamente”, explica Natália.
A professora percebeu que até mesmo os pequeninos embarcaram na iniciativa. “Trabalho com o primeiro aninho, e eles tinham uma grande resistência no ato de escrever, de tirar da lousa. Agora, com o fechamento do bimestre, vimos um grande avanço na turma, e com certeza a metodologia teve grande contribuição”, observa a professora.
Para a servidora pública Ronaira Barros, mãe do José de 8 anos, a metodologia aplicada pela escola é “maravilhosa”. “Eles aprendem, desde pequenos, e é sensacional, pois a escola prepara um dia inteiro de atividades no Leilão da Aprendizagem, e eu, como mãe, achei isso sensacional”.
Educação financeira
Os projetos de educação financeira na escola Rita Maia são promovidos desde 2018, bem como em demais estancias da rede municipal de ensino. Com a pandemia da Covid-19, as atividades foram suspensas por dois anos, retornando em 2021.
De acordo com a secretária de Educação de Xapuri, Fernanda Abreu, as iniciativas de educação financeira já foram desenvolvidas, inclusive, em escolas da zona rural.
“Nosso prefeito sempre trabalhou muito para que as pessoas sejam protagonistas da sua própria vida, e, em 2018, recebemos o Sebrae, em Xapuri, e foi através dessa parceria que desenvolvemos, em 2018 e 2019, o projeto Jovens Empreendedores Primeiros Passos (JEP), tanto na escola Rita Maia, quanto na zona rural”, recorda a secretária.
De acordo com Fernanda, em 2021, foi possível promover uma formação. “Retornamos com força total em 2022, com o projeto Escola Empreendedora e foi com esse projeto que surgiu o Leilão da Aprendizagem. As crianças amam a troca, pois todas as semanas eles ganham um dinheirinho falso e, no final do bimestre, realizam a troca, que entre muitas aprendizagens, ainda possibilita que eles aprendam as quatro operações, o sistema monetário”, observa.
Em parceria com o Sebrae, ano passado, o município de Xapuri desenvolveu o projeto Empreendedorismo na Escola, sendo, inclusive, premiado duas vezes por sua irreverência na educação pública.
“Toda a rede municipal de ensino trabalha essa parte do empreendedorismo dentro das nossas escolas. Isso envolve a parte financeira, compra, troca, conhecer o sistema monetário, aprender as quatro operações, e os nossos professores têm feito um trabalho magnífico, super aprovado pelas nossas crianças, que amam a metodologia. É um incentivo e uma forma de aprender, fazendo na prática, que traz um novo olhar para que, como cidadãos, sejam protagonistas da sua vida”, reforça Fernanda.