Um dos teóricos e pioneiros da Teologia da Libertação, o frei catarinense Clodovis Boff, que mora em Rio Branco, lançará, neste sábado, 3, o seu novo livro: “A crise da Igreja Católica e a Teologia da Libertação”, que aborda uma severa crítica ao movimento sócio-eclesial que surgiu dentro da Igreja Católica, na década de 1960. O evento ocorrerá na Igreja São Peregrino, após a Santa Missa das 19h, seguindo com uma noite de conversa e autógrafos.
O livro foi lançado, inicialmente, em São Paulo, no último mês de maio, e, segundo o autor, foi idealizado após reflexões acerca de um debate sobre a Teologia da Libertação, abordagem defendida por ele, no passado, e, até os dias de hoje, pelo seu irmão, o teólogo Leonardo Boff. As reflexões resultaram, primeiramente, na publicação de um artigo, publicado no ano de 2007.
Neste artigo, frei Clodovis faz duras críticas sobre as questões sociais e políticas terem se tornado a prioridade da Teologia da Libertação, o que, para ele, descentralizou Deus e a fé na igreja, e colocou os pobres no lugar de Cristo.
No novo livro, esses apontamentos são ainda mais desenvolvidos, destacando que a Teologia da Libertação, que ele chega a chamar de “teologia diabólica”, pode ser uma das principais culpadas pela crise no catolicismo e pelo abandono em massa das pessoas da religião.
“Uma Teologia da Libertação (ou qualquer outra), sem a fé incondicional no Cristo, é uma ideologia religiosa, concorrendo ou então colaborando com outras ideologias”, explica Clodovis Boff. E continua: “Colocar a teologia a serviço das ciências sociais é pôr a rainha para servir à escrava”, provoca.
Sobre o autor
Clodovis Boff é natural de Concórdia, Santa Catarina, tem 79 anos, e há 67 anos se dedica ao catolicismo e aos estudos teólogos. Vivendo em Rio Branco, no Acre, desde 2017, o teólogo é frade na Ordem dos Servos de Maria do Santuário de São Peregrino, localizada na rua Rio de Janeiro, bairro Floresta, onde o livro será lançado.
Sobre o livro
Quem já conhece Clodovis Boff sabe que, apesar de ser considerado um dos pioneiros da Teologia da Libertação, ele se tornaria com o passar do tempo um de seus mais intrépidos dissidentes, por ter sido capaz de captar, desde seus primórdios, o funesto erro de princípio em que tal corrente teológica incorria: colocar os pobres no lugar de Cristo. Esta é a ideia mestra que perpassa todo o seu debate. Nasceu ainda, depois dele, um novo texto, que além de uma renovada — e certamente mais maturada — reflexão sobre a TdL, engloba também a febril problemática sobre a crise atual da Igreja. Para Clodovis, o “pecado original” da TdL permanece graças ao “denso nevoeiro mental” que tem acometido a teologia contemporânea nas últimas décadas.
Que estas páginas impregnadas de ortodoxia católica, compiladas junto ao debate de 2007 e a mais duas incitantes entrevistas de Clodovis sobre a TdL, atraiam para muitas mentes aturdidas, em busca da verdade, as mesmas luzes que sobre mim cintilaram, fazendo refulgir, para a maior glória de Deus, a beleza dos tesouros “novos e velhos” (cf. Mt 13, 52) contidos no depositum fidei revelado por Cristo e por ele confiado à Santa Igreja Católica para a salvação de toda a humanidade.
— Pe. Leandro Rasera, Na apresentação.