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Jornalista Dom Phillips visitou o povo Ashaninka do Acre um mês antes de ser assassinado

O assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira no Vale do Javari, no Amazonas (AM), em junho de 2022, completa um ano nesta segunda-feira, 5. Um mês antes de morrer, o inglês visitou o povo Ashaninka do Acre, em Marechal Thaumaturgo, para conhecer o processo de proteção e restauração da floresta feito pelos indígenas da Apiwtxa.

Os repórteres Sônia Bridi e Paulo Zero foram conversar com os indígenas que estiveram com o jornalista. A reportagem especial foi exibida neste sábado, 3, no Jornal Hoje.

A liderança indígena Wewito Ashaninka, que esteve com Dom Phillips um mês antes do crime, destacou a importância do jornalista para a comunidade.

“Foi um pessoa que, no primeiro momento, deu para nós essa segurança do trabalho que ele estava fazendo, porque para nós era um trabalho que era a nossa luta, como povo da floresta, então, realmente o que ele queria era conhecer a nossa luta, o trabalho que a gente vinha fazendo aqui”, destacou Wewito.

Dom também subiu o rio Amônia com os Ashaninka, para ver como eles vigiam a própria terra para impedir invasões e compartilhou da fartura que já aparece de novo, basta jogar a rede.

“Ele ainda falou para gente: ‘o que vocês fizeram é um exemplo para que vocês possam mostrar isso e dizer que a solução não é derrubar a Amazônia, o caminho não é esse”, relembrou Wewito.

A reportagem especial da Rede Globo faz parte do projeto Forbidden Stories, um consórcio internacional que tem a missão de continuar o trabalho interrompido pelo assassinato de um jornalista no exercício da profissão.

Relembre o caso

Phillips, de 57 anos, e Bruno Pereira, de 41, foram assassinados, em 5 de junho de 2022

Os investigadores sustentam que Dom Bruno e Phillips foram emboscados e mortos no dia 5 de junho, quando viajavam, de barco, pela região do Vale do Javari.

Localizada próxima à fronteira brasileira com o Peru e a Colômbia, a região abriga a Terra Indígena Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares (cada hectare corresponde, aproximadamente, a um campo de futebol oficial). A área também abriga o maior número de indígenas isolados ou de contato recente do mundo.

O duplo assassinato teve repercussão internacional e expôs a violência reinante na maior floresta tropical do mundo, onde a destruição ambiental avança sem trégua.

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Maria Meirelles: