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Justiça Federal anula edital para construção de estrada sobre floresta intocada no Acre

Justiça Federal anula edital para construção de estrada sobre floresta intocada no Acre

Parque Nacional Serra do Divisor

A Justiça Federal do Acre anulou o edital que previa a construção da estrada que ligaria Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru, cortando ao meio uma das áreas mais preservadas da Amazônia, o Parque Nacional da Serra do Divisor, no extremo oeste do Acre.

A decisão teve como base uma ação civil pública movida pela SOS Amazônia, Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) e Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS).

As entidades socioambientais afirmam que a obra, de 210 quilômetros de extensão, ameaça a rica biodiversidade de fauna e flora na região e viola direitos territoriais das populações indígenas e comunidades tradicionais que vivem no entorno. A região por onde a estrada passaria é lar também de povos isolados da sociedade nacional.

O projeto de extensão da BR-364 até o país vizinho é uma iniciativa do governo Bolsonaro e conta com o aval do governo local. O objetivo da obra é encurtar o caminho do Brasil a mercados e portos marítimos peruanos. No entanto, já existe uma estrada com essa função, a BR-317, conhecida como Estrada do Pacífico, que liga as cidades fronteiriças de Assis Brasil, no Acre, e Iñapari, no Peru.

As entidades socioambientais denunciam a ausência de estudo de viabilidade econômica, social e ambiental da estrada e a não consulta às comunidades que seriam impactadas pelo empreendimento.

“A proposta da estrada Cruzeiro do Sul-Pucallpa ameaça os direitos territoriais das populações indígenas e comunidades tradicionais que vivem na região, além de ferir os direitos ambientais”, comunicou, em nota, a SOS Amazônia.

Se construída, a rodovia poderia afetar diretamente sete terras indígenas situadas no Acre e quatro no Peru, além de unidades de conservação, sendo a principal delas o Parque Nacional da Serra do Divisor, uma das áreas de maior biodiversidade do planeta. O território seria rasgado em 20 quilômetros pela obra.

“O projeto coloca em risco a biodiversidade de fauna e flora, o que ocasionaria perda de espécies endêmicas e outras ameaçadas de extinção em uma das áreas com maior biodiversidade da Amazônia. Calcula-se que os impactos socioambientais relacionados aos recursos hídricos sejam irreversíveis, visto que alteraria a dinâmica dos rios”, continua a nota.

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