O fluxo de imigrantes segue intenso na cidade acreana de Assis Brasil, que faz fronteira com Peru e Bolívia. Conforme a Secretaria Municipal de Assistência Social, a casa de apoio está com 28,5% acima da capacidade de lotação.
Neste domingo (11), o local abriga 45 imigrantes, sendo que a capacidade é de 35 pessoas. Segundo a secretária de Assistência Social da cidade, Ynara Holanda a maioria desses imigrantes é de venezuelanos que tiveram que sair do Peru em meio à crise política que se arrasta há meses.
“Quando passa das 35 pessoas, algumas já começam a dormir pelos corredores e até pela cozinha, porque só temos dois quartos no local que é, de certa forma, improvisado. São venezuelanos, na maioria dos casos, e por questões políticas estão vindo do Peru. Eles estão sendo barrados no país vizinho por não terem a documentação exigida para imigrantes e acabam tendo que sair de lá”, informou a secretária.
Somente este ano, entre janeiro e maio, mais de 1,7 mil imigrantes passaram pela casa de apoio em Assis Brasil. Durante todo o ano passado, foram mais de 3,2 mil pessoas acolhidas no local.
A secretária lembrou que, no mês de março, o município recebeu doações de colchões e sacolões do governo do estado para atender a esse público.
“Quanto ao governo federal, estamos trabalhando ainda com o primeiro aporte de recursos que enviaram na época dos haitianos. Os imigrantes passam em média de cinco a sete dias no abrigo e temos que pedir para que sigam viagem para podermos atender outras pessoas. Damos uma ajuda para que consigam chegar até a Polícia Federal em Epitaciolândia para concluir a documentação e seguir viagem a outros estados do Sul e Sudeste”, concluiu.
Visita de técnicos do Ministério da Saúde
Onze técnicos do Ministério da Saúde estiveram no Acre na semana passada para visitas aos abrigos e alojamentos para imigrantes. As equipes chegaram na segunda-feira (5) e encerraram as ações no estado acreano na quarta (7).
Durante os três dias, os servidores visitaram as instalações nas cidades que fazem fronteira com o Peru e a Bolívia, que recebem imigrantes de várias regiões do mundo em Assis Brasil , Epitaciolândia e Brasiléia, no interior do estado, além da capital, Rio Branco.
A diretora de Redes de Atenção à Saúde, Ana Beatriz, informou que as visitas vão subsidiar as ações de melhorias no acolhimento e serviços de saúde disponibilizados para esse público, além de revelar os impactos na rede pública. “A Secretaria de Saúde se colocou à disposição nessa verificação, bem como para qualquer tipo de treinamento e mudança de fluxo que possa ocorrer”, disse.
Fluxo migratório e gabinete de crise
Desde o início deste ano, a crise política no Peru fez com que o fluxo de imigrantes voltasse a crescer nas cidades acreanas de fronteira.
Por conta da situação, o governo do Acre implantou um gabinete de crise, com uma sala de situação, para tratar sobre o crescente fluxo de entrada de imigrantes no território do Acre. A sala de situação foi dividida em três grupos de trabalho para atender à demanda.
Um grupo é para tratar sobre a questão da abordagem, segurança e defesa nacional; outro da assistência social e direitos humanos, que envolve toda política, o fluxo migratório, regimento interno e estrutura dos abrigos, ajuda humanitária; e por fim o grupo que trata da questão da saúde e vigilância sanitária, com atendimento médico-hospitalar e também de vacinação.
Em março deste ano, o secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Lauro Santos, explicou que uma das principais necessidades é a questão da agilidade na regularização da documentação desses imigrantes, que usam as cidades do Acre como rota de entrada no Brasil, mas que pretendem seguir viagem para estados como Santa Catarina, Curitiba, Mato Grosso e Campo Grande. Essa documentação é feita pela Polícia Federal na fronteira do Acre.
Portal G1 Acre