Um grupo de 69 pesquisadores, provenientes de 12 países diferentes, deu início na última sexta-feira, 16, a uma operação de perfuração de um poço com mais de 2 quilômetros de profundidade em Rodrigues Alves, localizado no interior do estado do Acre. Essa iniciativa faz parte de um projeto de pesquisa que visa estudar a vida na Amazônia há aproximadamente 65 milhões de anos, logo após a extinção dos dinossauros. A informação foi divulgada pelo Jornal da Universidade de São Paulo (USP), que está colaborando com a pesquisa.
Estima-se que a perfuração leve cerca de 3 meses para ser concluída. Além de Rodrigues Alves, os pesquisadores também planejam perfurar um poço em Bagre, uma cidade no interior do Pará. Essa iniciativa permitirá a coleta de informações sobre a formação e as mudanças ao longo do tempo na região amazônica, além de fornecer insights sobre como ela poderá se comportar no futuro, especialmente em relação às mudanças climáticas. Cada conjunto de informações coletadas pelos pesquisadores é chamado de “testemunho”.
Um “testemunho” consiste em uma amostra cilíndrica com até seis metros de comprimento, contendo uma representação vertical das diversas camadas de rochas e sedimentos presentes no subsolo da floresta. Cada camada contém evidências físicas, químicas e biológicas que os cientistas podem analisar em laboratório, permitindo inferências sobre as condições do mundo na época em que a camada em questão estava exposta. Para ilustrar, é como se fosse inserido um canudo em um bolo para extrair uma amostra das diferentes camadas e descobrir sua composição. Essa descrição foi mencionada em um trecho do artigo publicado no Jornal da USP.
A estimativa é que mais de 1.300 “testemunhos” sejam coletados apenas no Acre, o que torna esse número um dos maiores já previstos para uma pesquisa desse tipo. O professor da USP, André Sawakuchi, ressalta que essa quantidade é significativamente superior a qualquer pesquisa realizada até hoje para compreender a origem geológica da Amazônia. Vale lembrar que já foram realizadas perfurações anteriores no Acre, inclusive pela Petrobras, mas sem finalidades científicas. Os pesquisadores afirmam que esse é o programa de pesquisa mais abrangente já organizado para estudar a Amazônia, com um orçamento previsto de aproximadamente US$ 4 milhões.
Juruá Online