Os discursos sobre os povos indígenas em contexto urbano nos jornais acreanos é tema do livro ‘Discurso Midiático sobre o Indígena na Cidade’, lançado pela jornalista acreana, Silvania Pinheiro, nesta sexta-feira, 11. Centenas de pessoas reuniram-se para a festa de lançamento que aconteceu no Espaço Kaxinawá, em Rio Branco.
O evento contou com a presença de representantes dos povos indígenas do Acre, familiares e amigos jornalistas da autora.
Sob a luz de lâmpadas tracejadas a céu aberto, no espaço que é referência no desenvolvimento social e de políticas públicas para os povos indígenas, Silvania Pinheiro, compartilhou com os convidados a experiência da pesquisa de seu mestrado que se transformou em livro.
Natural de Sena Madureira, Pinheiro cresceu vendo o povo Jaminawa percorrer as ruas da cidade onde vivia, no interior do Acre. Quando passou a exercer a profissão de jornalista, cobriu pautas sobre os indígenas na cidade.
Com a experiência, interessou-se pelas motivações e vivências dos povos indígenas em contexto urbano e, com a oportunidade do mestrado, pesquisou a abordagem da imprensa sobre o tema, no Programa de Pós-Graduação em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade Federal do Acre (Ufac).
“A minha inspiração para o livro vem desde a infância, em Sena Madureira. Quando eu era criança, já víamos indígenas no município e já havia um estranhamento com relação aquele indígena na cidade. E eu me perguntava, porquê dizem isso de eles não poderem estar aqui?”, lembrou a autora.
Para a jornalista, é necessário repensar as formas com que a imprensa representa os povos indígenas. “Com respeito aos povos originários, pensei em descontruir o que, lá atrás, eu achava que era o correto como jornalista e que, na verdade, não é bem assim”, afirmou.
“Independente de onde nós estivermos, seja na Terra Indígena, seja no contexto urbano, nós sempre vamos ser indígenas e precisamos estar inseridos nas políticas públicas e é isso que a Silvania faz com o lançamento do seu livro”, destacou a secretária extraordinária dos Povos Indígenas, Francisca Arara.
“O livro é um trabalho pioneiro na temática do indígena na cidade. Trazer a discussão dos preconceitos e marcas históricas no livro é em um momento oportuno. E estou muito feliz porque orientei o trabalho da Silvania no mestrado. Estar aqui é muito prazeroso”, destacou a professora doutora, Maria de Jesus Morais.
Condecoração
Ao falar da trajetória de vida de Silvania, a vice-presidente da Associação das Jornalistas e Escritoras do Brasil, no Acre, (Ajeb/Acre), Edir Figueira Marques, lembrou a mãe de Silvânia, a seringueira e parteira tradicional, Alaíde Pinheiro, conhecida como a Dama do Forró e Rainha do Macauã.
Na oportunidade, a vice-presidente da Ajeb/Acre anunciou a condecoração de Silvania Pinheiro com o Título de Honra ao Mérito Cultural da Federação das Academias Acreanas de Letras e Artes, como último gesto de seu primo e admirador, o poeta Mauro Modesto, recentemente falecido.
A medalha e o diploma da condecoração foram entregues pela presidente da Ajeb/Acre, Socorro Camelo, e pelo presidente da Academia Acreana de Letras (AAL), Adalberto Queiroz.
A noite foi marcada com sessão de fotografias e de autógrafos, além de um momento especial com músicas regionais que encantou os convidados. Franklin Pinheiro e Sergio Souto cantaram Minha Aldeia, canção autoral de Souto.
Na festividade, Franklin e Carla Pinheiro também apresentaram a canção Mãe Natureza. As composições lembram as experiências e vivências na Amazônia brasileira e acreana.