Um empreendimento que busca reabilitar e reintegrar indivíduos apenados na sociedade está sendo inaugurada em Rio Branco. A malharia da cooperativa Unidos Pelo Direito de Viver, uma organização criada e administrada por ex-detentos e detentos monitorados por tornozeleira eletrônica, está, oficialmente, abrindo as portas nessa sexta-feira, 11.
O empreendimento, que agora terá um ponto fixo, é um projeto de ressocialização de detentos e busca facilitar oportunidades de emprego para indivíduos que já passaram pelo sistema prisional através de confecções de roupas e fabricação de redes.
Criada através da iniciativa de Janete Patrícia, ex-detenta que aprendeu a costurar durante sua pena no presídio, a Unidos Pelo Direito de Viver surgiu quando Janete resolveu fazer algo para combater a discriminação sofrida por monitorados e pessoas egressas do sistema prisional:
“As pessoas costumam dizer que não prestamos e se recusam a nos contratar. ‘Esse povo não presta’, escutamos. Esse povo errou, esse povo está pagando judicialmente e precisa de oportunidade de trabalho. Se a pessoa é discriminado sempre que tenta uma oportunidade de emprego, a única opção que ela vê, é voltar pro crime”, explica Janete, que é presidente e diretora da cooperativa.
Ela conta também que apesar dos 480 cooperados, apenas 25 monitorados estão trabalhando dentro da cooperativa no momento. Além disso, a cooperativa ainda tem 800 currículos para analisar: “A procura é muito grande e nossa luta é maior ainda”.
Com mão de obra e máquinas para produção, a cooperativa, que tem uma diretoria formada por cargos de presidência, secretário geral, coordenadores, diretos técnicos e administrativos, a maior dificuldade atual da cooperativa é agregar à todos que estão associados.
“São 480 monitorados, homens e mulheres, que estão correndo atrás de trabalhar com a gente. Não estão na rua atrás de assaltar e roubar. Com a malharia, temos mão de obra e algumas máquinas, mas precisamos de apoio, principalmente do Estado, da Prefeitura, e do Judiciário, para decolar. Essas pessoas querem mudar de vida, querem uma oportunidade, uma segunda chance”, explica o secretário geral, Robson Alencar.
Robson contou ao site A GAZETA que antes de conhecer a cooperativa, tentou trabalhar em um posto de gasolina, mas foi demitido quando descobriram que ele usava tornozeleira eletrônica: “Conheci a Janete, tivemos uma conversa, ela falou sobre a cooperativa e eu abracei esse sonho. Estamos há 3 meses correndo atrás de autenticação de documento, CNPJ, e graças a deus e com bastante luta, está dando tudo certo”.
Além da malharia que confecciona roupas como materiais escolares, a cooperativa também oferece cursos de capacitação para desenvolver habilidades profissionais e pessoais para garantir que a reintegração seja bem sucedida. Em parceria com o IPTEC, são oferecidos cursos de corte e costura, cabelereira, manicure, pedicure e eletricista para os associados.
O local fixo inaugurado nesta sexta, 11, é uma malharia localizada na Avenida Sobral, 266, no Aeroporto Velho. A cooperativa segue em busca de parceria e de apoio, e também que o poder público se manifeste pela causa social que é um direito previsto na Lei de execução penal.
“Vamos continuar nos unindo e correndo atrás de parceria e de apoio. Acreditamos que o poder público pode investir e ajudar pessoas que precisam de uma reintegração social. Queremos que o poder público, e também as pessoas, venham até o nosso local, conheçam o nosso trabalho e conversem conosco. Vamos continuar unidos e correndo atrás de oportunidade.”, finaliza Janete.
Para saber mais sobre o projeto, os interessados podem entrar em contato com a direção, pelo número (68) 8411-1088.