Pela primeira vez, mulheres indígenas de cinco estados brasileiros irão participar de eventos culturais em Nova York, nos Estados Unidos. O Acre terá uma representante, além de ser o único estado da região Norte.
A ida é organizada pelo Instituto Por Elas, instituição dedicada à defesa dos direitos de meninas e mulheres e à promoção da igualdade de gênero em Minas Gerais e na Bahia, que vai levar a Nova York, nos Estados Unidos, seu primeiro projeto itinerante, o Yacy Por Elas. A iniciativa conta com o apoio do Consulado Geral do Brasil em Nova York.
Artistas indígenas de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Acre e Mato Grosso participarão de uma série de eventos na cidade, no período de 13 a 26 de setembro.
Do Acre, a liderança indígena Mukani Shanenawa, do município de Feijó, foi selecionada. A indicação partiu da coordenadora do Coletivo Elas Fazem Acontecer, Lidianne Cabral, que fez a ponte com o Instituto Por Elas, e da produtora cultural e ativista dos Direitos Indígenas, da Mirna Rosário.
“É muito gratificante ver que o apoio mútuo entre mulheres tem germinado e se expandido. Ficamos imensamente felizes de termos uma liderança mulher indígena do Acre, indicada pelo Coletivo Elas Fazem Acontecer, em um evento de magnitude internacional”, destacou Lidianne.
Quem é Mukani Shanenawa?
Mukani Shanenawa é uma pajé Yuxiá, artesã, parteira e conhecedora das ervas medicinais. Com suas irmãs, fundaram a Aldeia Shane Tatxa Kaya, mais conhecida como a Aldeia das Mulheres Shanenawa, no município de Feijó, interior do Acre.
Ainda jovem, aos seus 12 anos de idade, Mukani iniciou seus trabalhos como Pajé Yuxiá, mensageira da natureza, aquela que se comunica com os seres encantados das florestas e os espíritos Keyahu, o espírito dos antigos.
Desde então, Mukani Shanenawa realiza seus estudos guiados pela Mãe Natureza, por meio da Ayahuasca, com orientação pai e sua mãe, Shuayne Shanenawa [Pajé Ni Pay] e Txirá Huni Kuin.
Yacy Por Elas
Em NY, a programação inclui apresentações culturais e artísticas, na Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. No dia 16 de setembro, a professora, artista e cineasta indígena Sueli Maxakali, do povo Tikmũ’ũn, da região mineira de Ladainha, vai grafitar, ao vivo, um mural, na capital do estado de Nova York. O local está sendo escolhido pela parceira do Instituto Por Elas naquele país, o Angelica Walker Projects.
No dia 24, as artistas indígenas abrirão exposição na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), que se estenderá até 4 de outubro, com apoio da Missão Permanente do Brasil na ONU.
A exposição vai apresentar aos americanos a cultura e as tradições dos povos originários do Brasil, destacando sua relação com o meio ambiente e as soluções propostas pelas comunidades em relação às questões ambientais. As artistas e ativistas terão a oportunidade de expor a realidade das comunidades indígenas no Brasil e buscar parcerias para projetos em seus territórios.
“Queremos que todas elas tenham a voz ampliada lá. Vamos fazer rodas de conversas, exposição, palestras. Eu quero que, até o fim de 2024, mais de 40 lideranças femininas indígenas levem a nossa cultura para o mundo inteiro”, destacou Rizzia Fróes, criadora do Instituto Por Elas.
O objetivo do projeto Yacy Por Elas é celebrar e promover a riqueza cultural dos povos indígenas do Brasil, por meio das mulheres, bem como ampliar o diálogo em torno das questões climáticas e da sustentabilidade, enfatizando a importância dos conhecimentos tradicionais, da preservação ambiental e, principalmente, da economia criativa.
Além das apresentações culturais, o projeto inclui uma participação significativa durante a Semana do Clima em Nova York, quando as artistas indígenas participarão de debates e mesas-redondas com especialistas, autoridades e líderes de opinião, ressaltando o papel fundamental das comunidades na conservação da natureza e na luta contra as mudanças climáticas.
O Yacy Por Elas pretende expandir a representatividade e as vozes dos povos indígenas brasileiros, além de sensibilizar líderes globais e a sociedade internacional para a importância de proteger e preservar a Amazônia e outras áreas vulneráveis no país.
Rizzia Fróes pretende também aproveitar a visita das indígenas, em setembro, para abrir uma sede do Instituto Por Elas em Nova York.
Com informações da Agência Brasil.