Denunciados pelo Hospital Santa Juliana, em Rio Branco, à Justiça, por maus-tratos contra o filho recém-nascido, Arthur Gael, Gilmara Furuno e Leandro Roberto de Oliveira pedem ajuda para recuperar a guardar da criança, que foi levada a um abrigo na capital acreana, no dia 17 de agosto.
Gael, que tem pouco mais de um mês de vida, estava internado na unidade de saúde com baixo peso e foi encaminhado a uma casa de acolhimento por decisão da Vara da Infância e da Juventude. Após a determinação da Justiça, o casal luta para ter o recém-nascido de volta, buscando mobilizar muitas pessoas pelas redes sociais com a hashtag #justiçaporarthurgael.
À reportagem, Gilmara falou sobre a situação que a família está enfrentando. “O meu bebê foi planejado, minha gestação foi toda acompanhada, foi tudo organizado, tudo feito da melhor maneira para que, posteriormente, o Arthur pudesse ver o quanto ele é amado, o quanto ele é querido, o quanto ele foi sonhado, foi almejado. Essa foi uma realização de um sonho meu e do meu esposo, o de constituir uma família”.
A mãe comentou sobre as complicações no parto. “Ele nasceu com três quilos e 120 gramas. O parto do Arthur foi cesariano porque ele estava em sofrimento fetal, apresentando taquicardia fetal e, por uma decisão do doutor Edward, fui encaminhada pra sala de cirurgia, para que não ocorresse nenhum tipo de consequência ou sequela em relação ao bebê ou a mim também”.
Ela disse que a o recém-nascido passou três dias internado na maternidade. “Ele teve alta com dois quilos e oitocentos e quatorze, já saiu da maternidade perdendo peso, porém, me disseram que essa perda de peso era aparentemente normal, que o bebê perdia peso nos primeiros dias, que com a amamentação ele ia retomar o peso normal, e que eu podia levar o bebê pra casa que estava tudo bem, que ele estava saudável”.
Orientação para amamentar
Gilmara relatou que lhe foi passada orientação do hospital para que a criança mamasse a cada duas horas, para não ocorrer o risco de desenvolver hipoglicemia. “Fiz tudo como me foi orientado. Eu não tinha contato com outras crianças, segui orientações que me orientaram para cuidar e alimentar o meu bebê. No entanto, comecei a perceber que Gael não estava ganhando peso, apesar de está sendo amamentado da forma correta. Falei com meu esposo sobre a minha preocupação. Após sair da maternidade, a primeira consulta com o pediatra foi no posto Ary Rodrigues, mas o pediatra não fez a avaliação correta dele. Perguntei se precisava de fazer algo em relação a isso, e ele me disse que não, que só o leite materno era o suficiente, que a amamentação exclusiva era a única coisa que ele precisava. Porém, fomos ao posto da Vila Ivonete, e o médico disse que ele estava muito debilitado, desidratado, desnutrido, apresentando palidez. O pediatra pediu para encaminhá-lo para o Pronto-Socorro, porque algo estava acontecendo no organismo do meu filho”.
Acusados de maus-tratos
Após a criança ser encaminhada para Pronto Socorro de Rio Branco, para exames e avaliações mais completas, ela passou o dia em observação, acompanhada da mãe. No início da noite do dia 24 de agosto, Arthur, que estava com 1,9 quilos, foi transferido para a UTI [Unidade de Terapia Intensiva] Neonatal do Hospital Santa Juliana.
No dia, os pais foram aconselhados a irem para casa porque não podiam ficar na UTI e retornar no dia seguinte, para pegar as informações do atendimento. A mãe conta que ao retornar ao hospital, foi questionada pela médica de plantão sobre a situação do bebê, que estava muito magro, e tinha uma lesão no corpo, que a genitora afirma não ter visto antes e nem informada pelos outros médicos.
“Meu filho foi afastado de mim e de toda família sem antes ter uma investigação. Não posso ter contato com ele, a família não pode ter notícias, não compreendo de onde surgiram tantas alegações, não entendo porque o Arthur foi retirado da família. Ninguém sentou comigo e com nossa família para entender o que estava acontecendo, apenas criaram situações e julgamentos. Quero meu filho de volta, todos estão sofrendo com sua ausência”, desabafou Gilmara.
A Vara da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC) aplicou medida de proteção e determinou que o menino fosse levado para o abrigo, após ser acionado pela assistência social do hospital. O caso é investigado pela Delegacia Especializada de Atendimento à Criança e ao Adolescente Vítima (Decav), onde os pais e a avó materna prestaram depoimento sobre o tratamento dado a criança. A polícia deve ouvir ainda a equipe médica que atendeu o bebê e remeter o inquérito à Justiça, ainda esta semana. O caso está sob sigilo da Justiça.
Laudo pericial confirma ausência de abuso sexual
O advogado do casal, Andresson Bonfim, compartilhou documentos que sustentam a afirmação de que a criança não sofreu qualquer forma de violência por parte do pai ou da mãe.
“Essa denúncia, além de vil, leviana, é criminosa, porque se nós não estivéssemos aqui, agora e algum veículo de imprensa sensacionalista pegasse e fosse lançar, isso era uma sentença de morte. E a pessoa que fez essa denúncia sabe disso, ela é criminosa, esse processo tramita em segredo de justiça, isso é imagem que não poderia nunca ter saído de dentro do processo e isso vai ser apurado,” disse Bonfim.
O advogado, ao exibir os resultados do exame de corpo de delito realizado na criança, reforçou que Arthur estava isento de quaisquer traços de violação. “O Arthur é puro e imaculado, ele jamais foi violado, ele é um anjo que merece voltar para a família dele. É uma covardia de quem fez essa denúncia, mas nós vamos caçá-lo, a expressão é essa, antes eu estava fazendo um trabalho, agora, é pessoal”, afirmou ele.
Andresson também discutiu as circunstâncias em torno dos ferimentos do bebê, atribuindo-os a uma mudança na dieta e à sua condição debilitada. Ele esclareceu: “O Arthur estava com uma desidratação muito forte por conta de problemas de metabolismo e não de maus-tratos. Então por conta da fórmula, muito provavelmente, houve esse machucado nele.”
Após questionamentos sobre processos futuros, Bonfim ressaltou que a prioridade, neste momento, é a reintegração de Arthur Gael à família. Uma audiência está agendada para o próximo dia 4 de setembro, enquanto a criança permanece sob os cuidados do Educandário, sem permissão para visitas familiares.