O júri dos seis acusados da chacina que vitimou mãe e dois filhos em 2020 encerrou nesta quarta-feira (9) após três dias de depoimentos e debates entre acusação e defesa. Depois de uma votação que durou, aproximadamente, 5 horas e 20 minutos, o júri decidiu condenar cinco dos seis acusados de matar a família boliviana em 2020. As penas somadas ultrapassam os 358 anos de reclusão.
Apenas Gean Carlos Alves da Silva, conhecido como Baleado, e pai dos outros três acusados foi absolvido dos crimes contra a vida. Porém, ele foi condenado por coação, com pena de um ano. No entanto, por ter ficado preso há 2 anos pelo fato, o alvará de soltura foi expedido ainda nesta quarta.
Já José Francisco Mendes de Sousa; Geane Nascimento da Silva; Gean Carlos Nascimento da Silva (Neném); Gilvan Nascimento da Silva e Luciano Silva de Oliveira, foram condenados pelos três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor. Além disso, Neném também deve responder por coação. Todos devem cumprir as penas em regime fechado.
Após a sentença, o promotor Teotônio Rodrigues Soares falou que a justiça foi feita e que, no caso de Baleado, a pena aplicada de 1 ano por coação foi justa, tendo em vista a falta de provas que o incrimine. “A condenação veio conforme o Ministério Público, conforme as provas produzidas, tanto na base policial, como na extensão processual.”
O advogado Sidney Ferreira, que faz a defesa do pai, Baleado, e dos filhos dele; Geane, Gilvan e Gean disse que vai recorrer da sentença e falou que os jurados não consideraram a contradição dos depoimentos dados pela menor. “Eu tenho convicção de que a decisão dos jurados é totalmente incoerente com as provas dos autos. Tem vários erros desde a investigação policial, até várias pessoas que deveriam estar aqui, não vieram.”
Quanto à condenação de Baleado, de coação, ele não deve recorrer, já que ele teve direito à liberdade.
O crime
O crime aconteceu em 13 de setembro de 2020. Consta no processo que dois acusados da mesma família trabalhavam para os bolivianos e um deles estuprou a adolescente de 14 anos. O pai da menina flagrou a situação, amarrou o homem a um tronco de árvore e foi até o lado brasileiro para pedir ajuda da polícia para prendê-lo. Porém, a família acreana chegou na propriedade, enquanto o homem não estava, e matou a mulher dele e dois filhos. Ainda tentaram matar a adolescente, mas ela se fingiu de morta.
Os corpos foram jogados próximos a uma árvore, e a casa da família foi queimada. O grupo teria ainda roubado cerca de R$ 10 mil e mais uma quantidade de dinheiro boliviano que estava na casa das vítimas.
- Gean Carlos Alves da Silva – o Baleado – pai de três acusados
Pena: Condenado por coação. Absolvido pelos crimes de homicídio e tentativa de homicídio. Condenado a um ano de reclusão, mas, como já está preso há 2 anos, deve ser solto ainda nesta quarta-feira (9).
- Geane Nascimento da Silva
Pena: 74 anos, 3 meses de reclusão e 90 dias-multa. Responde pelos crimes de três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor
- Gean Carlos Nascimento da Silva – Conhecido como Neném
Pena: 63 anos, 6 meses e 15 dias de reclusão e 120 dias-multas. Responde pelos crimes de três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor
- Gilvan Nascimento da Silva
Pena: 74 anos, 3 meses de reclusão e 90 dias-multa. Responde pelos crimes de três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor.
- Luciano Silva de Oliveira, casado com Geane, genro de Baleado
Pena: 74 anos, 3 meses e 90 dias de reclusão. Responde pelos crimes de três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor
- José Francisco Mendes de Sousa
Pena: 71 anos, 1 mês, 15 dias e 90 dias-multa.Responde pelos crimes de três homicídios, pela tentativa de homicídio contra a adolescente, ocultação de cadáver e corrupção de menor.
O sétimo acusado, Gilvani Nascimento da Silva, de 19 anos, que teria sido o pivô de toda confusão que terminou em tragédia, foi assassinado a tiros no dia 6 de abril de 2021, em Rio Branco.
“Queria falar um pouco com vocês [se dirige aos acusados]. Ontem à noite pensando demais no caso de vocês. O que vocês queriam quando saíram do Brasil e foram até a Bolívia? Vocês tem um irmão amarrado, fato incontroverso? Mas o que vocês queriam? Se era só desamarrar o Buiu, porque não fizeram só isso? Era 6 homens e 1 mulher contra 2 homens e 1 mulher. Era mais que o dobro. Parece que as coisas saíram do controle de vocês se a intenção era apenas resgatar o Buiu. Por que tanta violência?”, questionou o juiz Alesson Braz ao começar a ler a sentença.
Portal G1 Acre