A Polícia Federal ouve nesta quinta-feira (31) depoimentos simultâneos de oito pessoas citadas no inquérito dos presentes oficiais recebidos pelo governo Jair Bolsonaro e negociados ilegalmente nos Estados Unidos.
Por volta das 11h10, a Polícia Federal confirmou que os oito já tinham chegado às sedes da Polícia Federal.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Barbosa Cid chegou à sede da Polícia Federal em Brasília pouco antes das 9h30. Jair Bolsonaro e Michelle, por volta das 10h45.
Único a ser ouvido fora do DF, o advogado Frederick Wassef chegou à Polícia Federal em São Paulo por volta das 10h50.
Os oito depoimentos estão marcados para as 11h, em salas separadas e comandados por oito delegados. Não há duração prevista.
Vão prestar depoimento ao mesmo tempo:
Jair Bolsonaro: ex-presidente
Michelle Bolsonaro: ex-primeira-dama
Mauro Barbosa Cid: ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
Mauro Lourena Cid: pai de Cid, general da reserva que foi colega de Bolsonaro na Aman
Frederick Wassef: advogado de Bolsonaro
Fabio Wajngarten: ex-chefe da comunicação do governo Bolsonaro
Marcelo Câmara: assessor especial de Bolsonaro
Osmar Crivelatti: assessor de Bolsonaro
Entre sexta (25) e segunda-feira (28), Mauro Barbosa Cid depôs à Polícia Federal por mais de 10 horas – o que, inclusive, levantou rumores de uma possível delação premiada.
Segundo investigadores, “Cid filho” colaborou com a PF e respondeu às perguntas. As declarações do ex-ajudante de ordens devem basear parte dos questionamentos previstos para esta quinta aos outros investigados.
O caso das joias
No último dia 11, a Polícia Federal deflagrou a operação Lucas 12:2, sobre a suposta tentativa, capitaneada por aliados do então presidente Jair Bolsonaro, como o advogado Frederick Wassef, que já defendeu a família Bolsonaro, e o ex-ajudante de ordens Mauro Barbosa Cid, de vender ilegalmente presentes dados ao governo por delegações estrangeiras.
A operação foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Na quinta-feira (17), Moraes determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Jair Bolsonaro e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
Cid foi preso em maio, mas no âmbito de uma investigação que apura um suposto esquema de fraudes de cartões de vacina contra a Covid-19. No entanto, de acordo com a PF, Cid também é investigado no caso que envolve as joias.
As joias em questão foram entregues como presentes ao governo brasileiro por outros países, como a Arábia Saudita. Segundo a PF, a venda desses presentes começou a ser negociada nos Estados Unidos em junho de 2022.
Naquele mês, Cid retirou do acervo de presentes um kit de joias — composto por um relógio da marca Rolex de ouro branco, um anel, abotoaduras e um rosário islâmico — entregue a Bolsonaro em uma viagem oficial à Arábia Saudita em outubro de 2019.
No dia 8 de junho de 2022, Bolsonaro e Cid viajaram aos Estados Unidos para participar da Cúpula das Américas, em Los Angeles. Segundo a Polícia Federal, Mauro Cid levou, no voo oficial da FAB, o kit de joias.
Cinco dias depois, de acordo com a PF, Mauro Cid viajou para o estado norte-americano da Pensilvânia para vender o relógio Rolex de ouro branco e outro relógio da marca Patek Philippe.
A PF localizou, a partir da análise de dados armazenados na nuvem do celular do ex-ajudante de ordens, um comprovante de depósito da loja no valor de US$ 68 mil nessa mesma data. Esse valor corresponde a R$ 332 mil.
Por g1, TV Globo e GloboNews