Essa noite eu sonhei com o vento. Acordei às 6h, antes do despertador, que tocaria às 6h15. Fazia 19૦ em São Paulo. Os próximos dias prometem ser quentes. Parece que no domingo vai chegar a 36૦. Na teoria, essa é a última semana do inverno, o certo mesmo seria estar esquentando. Mas já esquentou. Tem a coisa toda do fim do mundo, eu sei, e me preocupo, claro. Mas quando eu esqueço e sinto só o calor, calor até no pé, me dá uma negócio tão bom.
Assim que abri o olho, alcancei o celular pra anotar o sonho. Eu não queria perder nem um detalhezinho, tinha sido um sonho bonito. Mas aí eu senti o calor no pé e fui só dar uma olhadinha na temperatura. Fazia 19૦ em São Paulo.
Lembrei de um vídeo que eu vi no sábado sobre redução de danos. Era uma dermatologista dizendo que o certo mesmo seria usar protetor solar, mas no aplicativo de temperatura do celular dá pra checar o índice de raios UV e aí você entende se dá pra sair sem o protetor ou não. Se o gráfico estiver amarelo ou vermelho, não pode. Fui olhar. Hoje não dá pra sair sem protetor desde às 5h30 até às 6h da tarde. Lembrei da coisa toda do fim do mundo e me preocupei, claro. Mas é que esse aplicativo é tão interessante. Vi que além dos raios UV, dá pra ver um tanto de outras coisas, por exemplo, o vento. Hoje ele está soprando a 14 km por hora, com rajadas de 24. E essa palavra rajada é das mais lindas, ainda mais quando no plural, não é? Lembrei da música do Caymmi, O vento. É mais linda do que as rajadas. Se vocês puderem, parem de ler e escutem O vento.
E por lembrar de Caymmi, lembrei de Gil. Fui ver o Gil no sábado. Ele cantou Aquele abraço e começou como começa a gravação mais conhecida da música: “Esse samba vai pra Dorival Caymmi”. O show foi mesmo um abraço. Como o calor do fim de inverno em São Paulo. Mas não um calor no pé. Foi um calor de dentro pra dentro. E parecia que batia em todo mundo. Se no aplicativo houvesse uma medida de amor, de entrega, os gráficos dos que estavam no palco e os que os assistiam seriam pra lá de vermelho.
Pois que por pensar nisso e naquilo, esqueci do sonho. O certo mesmo seria, pular o samba de um assunto pro outro, pegar o celular e tomar nota de uma vez. Teríamos o sonho inteirinho aqui. Sim, teríamos. Mas não teríamos o calor, o vento, as rajadas, Caymmi e Gil. Tem a coisa toda do fim do mundo e do fim da gente, às vezes vale repensar o que a gente chama mesmo de certo. Boa semana, queridos. Aquele abraço.