Desde 2014, o mês de setembro é marcado pela campanha Setembro Amarelo, que tem como foco a prevenção da ocorrência de suicídios a partir de ações de conscientização sobre o tema. No Acre, o governo desenvolveu diversas ações alusivas ao assunto. Em 2023, o lema da campanha trouxe uma mensagem forte: “Se precisar, peça ajuda!”.
De acordo com relatório da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre), a quantidade de notificações epidemiológicas de casos de tentativas de suicídio atendidos no Pronto-Socorro de Rio Branco, nos últimos 33 meses, foi de 866 casos.
Em 2021, foram 318 notificações; já em 2022, o número de casos foi de 309. De janeiro até setembro deste ano (dados referentes até o dia 28 deste mês), 239 pessoas tentaram suicídio na Capital acreana.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apesar da tendência de queda nos últimos anos, o suicídio representa a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 24 anos, ceifando mais vidas que malária, HIV, câncer de mama e mesmo homicídios.
Ainda de acordo com a OMS, em 2019 foram registrados mais de 700 mil casos de suicídio em todo o mundo, embora esse número seja considerado subnotificado, estima-se que haja mais de 1 milhão de casos. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano, o que equivale a uma média de 38 pessoas tirando suas próprias vidas diariamente.
A prevenção ao suicídio é um tema que ainda é visto como tabu em muitos contextos. Falar abertamente sobre o assunto é crucial para encorajar as pessoas que estão passando por momentos difíceis a buscar ajuda para preservar a vida e cultivar o bem-estar.
O Centro de Valorização da Vida oferece apoio emocional e suporte de prevenção ao suicídio, atendendo a todos no número 188, de forma voluntária.
O governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE), criou um e-book baseado no Setembro Amarelo para conscientizar sobre a importância da prevenção ao suicídio, disponível no site www.see.ac.gov.br.
Sinais de alerta
Como forma de prevenção ao suicídio, o Ministério da Saúde (MS) listou, em seu site, alguns sinais que podem indicar a tendência. O órgão esclarece que essas características não devem ser consideradas isoladamente.
“Não há uma ‘receita’ para detectar seguramente quando uma pessoa está vivenciando uma crise suicida, nem se tem algum tipo de tendência suicida. Entretanto, um indivíduo em sofrimento pode dar certos sinais, que devem chamar a atenção de seus familiares e amigos próximos, sobretudo se muitos desses sinais se manifestam ao mesmo tempo”, explica.
Confira a seguir:
1-O aparecimento ou agravamento de problemas de conduta ou de manifestações verbais durante pelo menos duas semanas:
Essas manifestações não devem ser interpretadas como ameaças nem como chantagens emocionais, mas sim como avisos de alerta para um risco real.
2-Preocupação com sua própria morte ou falta de esperança:
As pessoas sob risco de suicídio costumam falar sobre morte e suicídio mais do que o comum, confessam se sentir sem esperanças, culpadas, com falta de autoestima e têm visão negativa de sua vida e futuro. Essas ideias podem estar expressas de forma escrita, verbal ou por meio de desenhos.
3-Expressão de ideias ou de intenções suicidas:
Fiquem atentos para os comentários abaixo. Pode parecer óbvio, mas muitas vezes são ignorados:
“Vou desaparecer.”
“Vou deixar vocês em paz.”
“Eu queria poder dormir e nunca mais acordar.”
“É inútil tentar fazer algo para mudar, eu só quero me matar.”
4-Isolamento:
As pessoas com pensamentos suicidas podem se isolar, não atendendo a telefonemas, interagindo menos nas redes sociais, ficando em casa ou fechadas em seus quartos, reduzindo ou cancelando todas as atividades sociais, principalmente aquelas que costumavam e gostavam de fazer.
5-Outros fatores:
Exposição ao agrotóxico, perda de emprego, crises políticas e econômicas, discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, agressões psicológicas e/ou físicas, sofrimento no trabalho, diminuição ou ausência de autocuidado, conflitos familiares, perda de um ente querido, doenças crônicas, dolorosas e/ou incapacitantes, entre outros podem ser fatores que vulnerabilizam, ainda que não possam ser considerados como determinantes para o suicídio. Sendo assim, devem ser levados em consideração se o indivíduo apresenta outros sinais de alerta para o suicídio.