“A transição para uma economia verde – Ecoinovação rumo à indústria competitiva e sustentável”. Esse foi o tema da palestra apresentada pela diretora de Economia Sustentável e Industrialização da ABDI, Perpétua Almeida, no Congresso Internacional de Inovação e Indústria – o maior da América Latina. O evento ocorre nesta quarta e quinta-feira, 27 e 28, em São Paulo.
O Congresso é uma iniciativa da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceira com os Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e ABDI.
Perpétua afirma que a criação da Diretoria de Economia Sustentável e Industrialização, da qual é diretora, é um marco importante para a ABDI no processo de transição para uma economia verde, digital e inclusiva.
“Nosso principal foco está na transição para uma Economia Verde no Brasil. Isso alinhado com as missões do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) rumo a neoindustrialização e o plano de transição ecológica. O conceito de Economia Verde nos desafia a repensar as nossas práticas: como produzimos, consumimos, compartilhamos recursos e construímos relações comerciais. Nesse processo é imprescindível avançar em múltiplas frentes de trabalho, mapeando cenários, traçando estratégias e realizando ações em alguns temas centrais como a conservação da biodiversidade”.
E por falar em conservação da biodiversidade, a diretora destaca um dos projetos criados pela ABDI: a Plataforma da Bioindústria.
“Esse é um dos projetos que mais me anima! É um amplo e robusto levantamento da bioindústria brasileira em todos os seis biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Pampa). A plataforma vai disponibilizar informações fundamentais para mensurarmos oportunidades, sendo uma ferramenta de apoio para criação de políticas públicas que estimulem negócios sustentáveis e promovam o desenvolvimento”.
Eixos centrais
A diretora de Economia Sustentável e Industrialização falou sobre projetos importantes da ABDI que abrangem temas como educação climática e conscientização e monitoramento ambiental, eficiência energética, energia limpa e renovável e o papel das startups para a inovação verde.
Perpétua destaca Projeto Café Amazônia Sustentável que começou nas matas de Rondônia e se estendeu para o Vale do Juruá, no Acre.
“Estamos trabalhando na construção de um modelo cooperativista socioeconômico sustentável de beneficiamento de café. Essas são inciativas inéditas que estimulam a transformação digital e a adoção e difusão de tecnologias e de novos modelos de negócios no setor produtivo, seja nas empresas, indústria ou serviços”.
Com ênfase na produção de energia limpa e renovável, a diretora fala sobre a capacidade da indústria brasileira e a preocupação em desenvolver soluções para a transição energética.
“O crescimento da atividade industrial demanda mais energia e a transição energética não dá sinais claros de acompanhamento dessa demanda da indústria por energia. E é prudente observar o risco que a necessidade de protelar a transição e insistir no uso de energias poluentes, venham prejudicar os esforços e os compromissos das nações ricas em relação à sustentabilidade e ao combate à crise climática, inclusive retrocedendo a cultura ESG nas empresas e na direção de uma economia mais verde”.
E acrescenta: “O Brasil tem uma matriz energética limpa, está trabalhando para acabar com as queimadas na Amazônia e busca a inovação da indústria nacional em bases sustentáveis. Portanto, temos o direito e autoridade para cobrar, inclusive em espaços como as COP’s, um maior compromisso e investimentos dos países ricos para a transição energética e que seu eventual atraso, em relação a demanda da economia global, não seja uma justificativa para retrocesso no avanço dos princípios ESG, do combate à crise climática e da economia de baixo carbono”.
Transformação digital e economia verde
Por fim, a diretora afirma que a transformação digital e a nova economia verde estão interligadas de diversas formas, já que as tecnologias digitais são aliadas na busca por práticas econômicas mais sustentáveis e redução de impactos ambientais.
“O futuro dos negócios é digital e sustentável. A transição para uma economia verde e digital exige o compromisso de governos, empresas, instituições multilaterais, universidades, organizações sociais e indivíduos. Não é simples, e é mesmo complexo. Entretanto, essa complexidade nos traz oportunidades significativas para moldar sociedades mais resilientes e harmoniosas com o meio ambiente. Essa jornada rumo a transição para uma economia verde é desafiadora”.