25 de outubro foi o dia da Democracia, e só se faz com a inclusão de todos e todas, democracia se faz com direitos humanos, democracia se faz quando a dignidade se torna um costume, uma premissa nas políticas públicas.
Quando o acesso à água potável e ao saneamento básico é algo universal, quando nossas crianças estão sendo educadas de modo laico e criativo, quando os postos de saúde atendem irrestritamente a população que os procura com profissionais treinados e respeitados, podendo contar com instrumentos adequados de trabalho.
Democracia se faz com a sustentabilidade do planeta, respeitando povos originários que aqui estavam antes de nós, respeitando a ancestralidade do planeta que é vivo e da vida que nele habita: suas árvores, florestas, fauna e toda biodiversidade.
Democracia se faz com mananciais e manguezais protegidos para que as futuras gerações tenham a garantia que nossa espécie continuará. Democracia se faz com sustentabilidade econômica, quando empresas do setor privado entendem que sem a natureza e sem valores humanos o lucro de nada adianta. O planeta, a nossa casa, é uma só.
É na Terra que os humanos vivem e é dela que devemos cuidar. É responsabilidade de todos nós. Democracia se faz quando temos nossa privacidade de dados nas redes de computadores garantida, sem violação de informações pessoais vendidas a empresas que visam lucro.
Casos como o da empresa Cambridge Analytica são bastante ilustrativos de como dados pessoais podem ser coletados por vias inadequadas e utilizados com a finalidade de manipular eleitores e a opinião pública, prejudicando a própria democracia.
A proteção de dados pessoais é premissa democrática principalmente em períodos eleitorais, de pandemia, quando viveremos as eleições mais marcadas pelas campanhas digitais da história.
A crise da democracia é global se observamos um fenômeno: líderes eleitos com viés autoritário e populista que souberam utilizar a internet e as redes sociais levantando polêmicas falsas e promovendo o descrédito e desrespeito às instituições democráticas para se promoverem e ganharem eleições. Quando valores que nos são tão caros estão em risco, quando temos conhecimento de manipulações algorítmicas que fazem experimentações com o nosso comportamento a fim de provar teorias robóticas acerca de sentimentos como raiva e discórdia, quando estamos caminhando na contramão de uma evolução pacífica da humanidade fundamentada na compaixão para disseminar o ódio e a desinformação nas tribunas mais “democráticas” que criamos – a internet – podemos estar deixando de valorizar o que é mais simples e básico, a nossa própria vida.
E aqui parece que estamos diante de um paradoxo. Ao mesmo tempo em que nos deparamos com uma era onde nossas escolhas podem ser manipuladas e moldadas ao sabor das máquinas de desinformação, também é inédito que há uma grande união em torno de mobilizações sociais possibilitada pela internet e com ela chega ao nosso tempo uma maior capacidade coletiva para exercer a cidadania numa amplitude muito maior que antes. O grau de transparência que redes sociais e a internet possibilitam em relação ao comportamento dos agentes públicos também é grande e assim ocorre uma maior exigência para que haja práticas mais transparentes de gestão pública.
A transparência é um elemento fundamental da democracia e deve ser perseguida, pois ela cria bases para que exista confiança entre o público e o privado. Hoje podemos lutar por direitos e exercer a transparência de modo muito mais amplificado no regime democrático do que antes. Na era da tecnologia digital, a transparência é um dos elementos que torna a democracia mais acessível e participativa. Ir às urnas votar é o principal instrumento que um indivíduo tem no exercício de sua cidadania. Porém, a participação social se faz para além do ato de votar a cada quatro anos.
Se faz com educação, conhecimento sobre o “ser cidadão” e a promoção da cidadania cotidiana e coletivamente. No Dia da Democracia celebramos sua importância como o regime político que mais possibilitou a pluralidade de ideias, sem nos esquecer de que religião não se mistura com política e que os valores humanos servem a todos e todas e isso independe de quaisquer credos, raças, nacionalidades ou visões de mundo.