Um ataque a um hospital na Faixa de Gaza deixou ao menos 500 mortos, afirmou em comunicado o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas. O grupo extremista acusou Israel e chamou o ato de “genocídio”.
Israel, por sua vez, disse que informações de inteligência apontam que o bombardeio ocorreu após um ataque mal sucedido do grupo Jihad Islâmica, também combatido pelo país na região. O grupo não se manifestou sobre a acusação.
O que aconteceu
O ataque atingiu o Hospital Batista Al-Ahly Arab, localizado no centro da cidade de Gaza.
Segundo Israel, houve um disparo em massa de foguetes da Jihad Islâmica em direção a Israel no momento do ataque ao hospital. Na rede social X, antigo Twitter, o porta-voz do Exército diz que as informações são da inteligência de Israel e de “diversas fontes do que dispomos”.
A maioria das vítimas é composta por mulheres e crianças, afirmou o Ministério da Saúde. O governo que administra a Faixa de Gaza atribuiu o ataque a Israel e chamou o ato de “crime de guerra”, segundo nota obtida pela CNN.
Um médico que atua em Gaza afirmou que as pessoas foram ao hospital por considerarem o local como seguro frente os ataques da última semana à região, disse Ziad Shehadah à emissora Al Jazeera.
As pessoas deixaram suas casas pensando que eram mais perigosas e se mudaram para nossas escolas e hospitais para ficarem seguras. E, em um minuto, todas elas foram mortas em um hospital. O número de mortos neste momento é de mais de 500, mas acreditamos que esse número chegará a mais de 1.000. É um massacre.Médico que atua na Faixa de Gaza, em entrevista a Al Jazeera
O hospital tinha centenas de “pacientes, feridos e pessoas deslocadas à força de suas casas devido aos ataques de Israel”, dizem as autoridades palestinas.
Um novo crime de guerra cometido pela ocupação no bombardeio do Hospital Al-Ahli Arabi no centro da Cidade de Gaza, resultando na chegada de dezenas de mártires e feridos ao Complexo Médico Al-Shifa devido ao bombardeio. Deve-se notar que o hospital abrigou centenas de pacientes, feridos e pessoas deslocadas de suas casas à força devido aos ataques aéreos.Comunicado das autoridades palestinas de Gaza a respeito de ataque a hospital
Atacar deliberadamente hospitais é considerado um crime de guerra, segundo o Estatuto de Roma. “Conduzir intencionalmente ataques contra edifícios dedicados à religião, educação, arte, ciência ou fins de caridade, monumentos históricos, hospitais e locais onde os doentes e feridos são recolhidos, desde que não sejam objetivos militares”, diz o Artigo 8 do Estatuto.
Órgãos condenam ataque
Autoridade Palestina se manifesta e decreta 3 dias de luto. Em nota, Mahmoud Abbas, presidente da entidade que governa a Cisjordânia, definiu o ato como um “ataque brutal de Israel”.
A Organização Mundial da Saúde destacou que o hospital estava na lista de evacuações ordenadas por Israel —um ato criticado pela ONU.
O hospital era um dos 20 no norte da Faixa de Gaza que estavam recebendo ordens de evacuação dos militares israelenses. A ordem de evacuação foi impossível de ser cumprida devido à insegurança atual, à condição crítica de muitos pacientes e à falta de ambulâncias, equipe, capacidade de leitos do sistema de saúde e abrigo alternativo para os deslocados.Trecho da nota da OMS
O grupo extremista Hamas, que foi responsável pelos ataques terroristas em Israel nas últimas semanas, afirmou que o bombardeio é um ato de “genocídio”. “O terrível massacre no Hospital Batista [Al Ahli Arab Hospital] é um genocídio que mais uma vez revela a verdade sobre o iinimigo, seu governo fascista e seu terrorismo”, disse o grupo em comunicado.
Guerra chega ao 11º dia com mais ataques a civis
Mais cedo nesta terça-feira, a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos, UNRWA, informou que um ataque aéreo israelense matou pelo menos seis pessoas depois de atingir uma de suas escolas que funcionava como abrigo para pessoas deslocadas.
Ataques israelenses no sul da Faixa de Gaza também deixaram cerca de 80 mortos hoje, disseram a autoridades palestinas. Bombardeios atingiram, inclusive, a região de Rafah. A cidade na fronteira com o Egito foi o local para onde muitas pessoas fugiram para escapar dos constantes ataques que Gaza tem sofrido.
Até o momento, o conflito já deixou mais de 4.200 mortos, sendo cerca de 2.800 do lado palestino e aproximadamente 1.800 mil no lado israelense, dos quais 947 civis foram identificados, segundo a polícia.
O grupo extremista Hamas também diz ter entre 200 e 250 reféns e divulgou um vídeo exibindo uma delas, a franco-israelense Maya Sham, que pede para ser resgatada da Faixa de Gaza.
*Com informações da Reuters