A seca que atinge o estado do Acre vem se prolongando para além do comum, o que está afetando comunidades indígenas no interior, entre elas o povo Ashaninka, do Rio Amônia, localizado no município de Marechal Thaumaturgo. Os indígenas tiveram que reestruturar poços de água para conseguirem lidar com a escassez de água nos igarapés e rios.
Wewito Piyãko, liderança da aldeia Apiwtxa, explicou um pouco sobre as dificuldades enfrentadas este ano, em entrevista ao g1ac.
“Esse foi o ano mais seco que tivemos na história porque o rio ficou mais seco. Não tivemos muito acesso para trazer de quantidade grande as nossas necessidades para abastecer a cooperativa, mas conseguimos fazer aos poucos, parcelado, com barcos pequenos. Esse ano, tivemos essa dificuldade. Outra coisa foi a recuperação das cacimbas pelo motivo de não conseguir beber água do rio. Foi um trabalho onde organizamos a comunidade para a recuperação das cacimbas daqui. Onde temos olho d’água, fomos cavando e organizando para poder ter água potável na cozinha para beber. Isso foi muito preocupante e dessa maneira temos o diagnóstico de dizer que esse foi o ano mais quente que a gente viu na nossa região”, disse Piyãko.
No perfil do Instagram da comunidade, eles comentaram o assunto e reforçaram que é necessário agirmos logo para um futuro mais sustentável para o planeta.
“O clima está em constante mudança, principalmente por conta da ação do homem, aumentando a temperatura do ambiente e gerando reflexos negativos no planeta. A estiagem extrema e prolongada na aldeia está comprometendo o acesso à água para consumo humano, com a secagem ou diminuição significativa de suas reservas. Diante dessa situação alarmante, a construção e/ou recuperação de várias cacimbas tornou-se uma necessidade urgente. É uma ação de mitigação, mas importante no momento. Elas serão a fonte de água para beber, proporcionando uma vida melhor e mais saudável para todos. É hora de agir e garantir um futuro sustentável em nossa aldeia e no planeta.
Para além dos problemas relacionados à água para o consumo, as altas temperaturas têm modificado certas características da água, o que levou diversos peixes a morrerem, é o que aponta pesquisa realizada pela Secretaria de Meio Ambiente (Sema).
“A equipe técnica conclui que, diante dos resultados das entrevistas com ribeirinhos, reunião com os representantes institucionais e levantamentos bibliográficos, no dia do evento de mortandade de peixes, no Rio Amônia, possa ter ocorrido uma diminuição das concentrações de oxigênio dissolvido, em função da elevação extrema da temperatura da água, associada ao baixo nível da coluna d’água, tornando o ambiente inóspito aos peixes”, conclui a pesquisa.