Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Criado por Chico Mendes e companheiros, CNS celebra 38 anos em live sobre luta e resistência

(Foto: Mike Sena/ Miracena)

O Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), um dos mais importantes movimentos de proteção dos territórios e de defesa dos povos da floresta, celebra seus 38 anos de existência.

Nascido em 17 de outubro de 1985, na Universidade de Brasília (UnB), durante o I Encontro Nacional dos Seringueiros, ao mesmo tempo em que o líder seringueiro Chico Mendes apresentava para o Brasil e o mundo a proposta das Reservas Extrativistas. Desde então, o CNS trabalha para honrar a memória e defender o legado de Chico Mendes.

Para celebrar a data, o Conselho realiza a live “CNS: 38 ano de luta e resistência”, nesta terça-feira, 17, a partir das 20 horas [horário de Brasília], com participação do amigo, companheiro de Chico Mendes e presidente do CNS, Júlio Barbosa; da diretora de articulação política da Secretaria Nacional da Juventude, Letícia Moraes; da secretária de Mulheres, Maria Nice Machado e do secretário-geral, Dione Torquato. O diálogo tem mediação da atriz e produtora cultura, Karla Martins.

A live marca o início dos preparativos para o VI Congresso Nacional do CNS, agendado para os dias 13 a 17 de novembro de 2023, na mesma UnB onde surgiu o CNS, com a presença de cerca de 250 delegados e delegadas, das quais, segundo o princípio de paridade adotado pelo CNS desde 2019, 50% serão mulheres e 30% jovens.

Júlio Barbosa (Foto: Mike Sena/ Miracena)

“Nossa inspiração vem do que aprendemos com Chico Mendes: ‘No começo, pensei que lutava para defender as seringueiras. Depois, pensei que lutava para salvar a floresta amazônica. Hoje, percebo que luta para salvar a humanidade.’ É por isso que celebramos nossos 38 anos e já pensando nas próximas lutas, que não são poucas. Mas, se não lutarmos para manter a Amazônia em pé, como o Chico sonhava e queria, como é que vamos ter um futuro para a humanidade?”, indaga Júlio Barbosa, presidente do CNS.

A live será transmitida por meio do canal Xapuri Socioambiental do Youtube.

Pauta de Resistência

A luta permanente do CNS está na consolidação dos territórios conquistados com a inclusão e implementação de políticas públicas de saúde, educação, energia, transporte e infraestrutura. A organização, governança e gestão dos territórios com controle de gestão pelas associações, sustentabilidade no uso dos recursos sustentáveis, assistência técnica para melhorar os meios de produção e o retorno financeiro para as famílias extrativistas também estão entre os pontos defendidos pelo CNS.

O surgimento do CNS

A criação do Conselho Nacional das Populações Extrativistas (CNS), antigo Conselho Nacional dos Seringueiros, aconteceu no dia 17 de outubro de 1985 durante o 1º Encontro Nacional dos Seringueiros, realizado na Universidade de Brasília (UnB), com a participação de mais de 100 lideranças extrativistas do Acre, Rondônia, Amazonas, Pará e Amapá.

Recém saído de um longo processo de ditadura militar (1964-1985), o movimento de seringueiros do Acre, liderados por Chico Mendes, viram no incipiente processo de redemocratização uma oportunidade para defender o seu projeto de reforma agrária para a Amazônia.

Um dos grandes legados coletivos daquele encontro foi a apresentação, por Chico Mendes, da proposta das Reservas Extrativistas, um modelo de reforma agrária ecológica, adaptado à realidade dos povos da floresta, inspirado pelas Reservas Indígenas, que hoje somam mais de 22 milhões de hectares de florestas protegidas e conservadas pelas populações extrativistas em todo Brasil.

Sair da versão mobile