O Rio Negro, o maior afluente do Rio Amazonas, e o sétimo maior manancial do mundo em volume de água, atingiu nesta segunda-feira, 16, o seu nível mais baixo em 120 anos, conforme dados do Porto de Manaus e análises do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). Registrando 13,59 metros, a marca supera o recorde de 2010, confirmando a seca de 2023 como a mais intensa na região.
Renato Senna, climatologista do Inpa, alerta que o rio ainda deve diminuir, baseando-se em padrões históricos que indicam prolongamento das secas até novembro. A severa estiagem já transformou paisagens e impacta a vida das comunidades ribeirinhas e indígenas, enquanto a Marina do Davi testemunha embarcações agora inúteis, encalhadas na lama.
A situação se estende para além de Manaus, com relatos de igarapés secos no médio Solimões, obrigando ribeirinhos a percorrerem longas distâncias em busca de água potável. Nas imediações das Terras Indígenas Porto Praia de Baixo e Boará/Boarazinho, o Solimões se tornou um deserto, prejudicando a produção e a saúde das comunidades.
O cenário se repete em outros rios, como o Madeira, onde a usina hidrelétrica Santo Antônio suspendeu operações. A Defesa Civil do Amazonas declara 50 municípios em situação de emergência, enquanto 10 permanecem em alerta.
Em Manaus, além da visibilidade gerada pela fumaça das queimadas, a baixa do Rio Negro afeta principalmente comunidades dependentes do fluxo fluvial para subsistência. As medições recentes do Porto de Manaus indicam uma queda acentuada nos últimos dias, sublinhando a urgência de medidas diante dessa crise hídrica sem precedentes.
(Fonte – Folha de São Paulo)