Ícone do site Jornal A Gazeta do Acre

Jovem poeta acreana vence prêmio nacional ‘Pretas Potências’

A poesia que escurece e ilumina. Assim é o projeto de Natielly Castro de Lima, ou artista Natidepoesia, uma mulher preta, acreana, poeta marginal, escritora, Slammer, performer, arte educadora, oficineira, graffiteira, comunicadora e produtora cultural. Com sua voz potente e sua palavra afiada, ela conquistou o Prêmio Pretas Potências, na categoria coletivo – saraus, com o projeto “Poesia que escurece”.

O Prêmio Pretas Potências é uma iniciativa da PretaHub, uma plataforma de inovação social e econômica para a comunidade negra brasileira. O prêmio tem o apoio do Ministério da Cultura, Banco BV, BASF, Ernst & Young e Mercado Livre e visa reconhecer e valorizar artistas, grupos e coletivos negros que se destacaram nos últimos anos nas áreas da economia criativa.

Natielly Castro é uma das 150 premiadas entre mais de 2 mil inscritos de todo o país, com seu projeto “Poesia que escurece”, que consiste em uma metodologia de escrita criativa e palavra falada voltada para a população negra e periférica do Acre, desde 2019.

O projeto tem como objetivo promover a autoestima, a identidade, a resistência e a transformação social por meio da poesia.

Em sua fala de agradecimento, Natielly disse que está emocionada pelo reconhecimento de um trabalho que dedica sua vida inteira. Ela também agradeceu aos coletivos que potencializam tudo que fazem juntos: @centraldeslamac, @trz.crew, @poetasvivxs e @slamdasminasac.”E esse caminho só é possível através de trabalhos desenvolvidos cotidianamente pelos coletivos Central de Slam, TRZ CREW e Poetas Vivos”, disse. Para ela, a poesia é seu instrumento de transformação de mundo e que é uma estrela que brilha na fronteira do Brasil.

Natielly compartilhou sua perspectiva com estas palavras: “A poesia me proporcionou tudo de bom que pude viver até aqui, e como qualquer menina preta, tive minha autoestima sabotada inúmeras vezes, e hoje estou como uma ‘Preta Potência’, representando não só a resiliência da minha história de vida, mas o significado que o acesso à arte e educação tem na vida de qualquer pessoa de quebrada. A poesia é marginal, pois veio da margem, tal qual eu. Isso significa muito, é o resultado de um trabalho coletivo, de todas as iniciativas que compõem a cultura urbana acreana.”

E Natielly tem uma visão clara para o futuro: “Quero que cada vez tenham mais jovens negros e de quebrada como eu acessando os espaços, principalmente chegando na cena do Slam, que desempenha um papel fundamental de arte educação, além de colocar em protagonismo as pessoas marginalizadas na sociedade. Um dia, em breve, faremos o Slam BR (campeonato brasileiro de poesia falada) no Acre, mudando o eixo da cultura e colocando o foco na produção do norte”.

Com sua arte engajada e combativa, Natielly Castro denuncia as opressões e as violências sofridas pela população negra e periférica no Brasil. Ela também celebra as raízes africanas, a ancestralidade, a cultura afro-brasileira e a beleza negra. Ela se define como “o terrorismo lírico revidando e resistindo na fronteira do Brasil”.

Natielly Castro é uma referência na cena cultural do Acre e do Brasil. Ela é fundadora do Slam das Minas Acre, um campeonato de poesia falada exclusivo para mulheres cis e trans. Ela também é integrante do Coletivo Central de Slam Acre (CDSA), do Coletivo TRZ Crew (graffiti) e do Coletivo Poetas Vivos (poesia), e já participou da Festa Literária das Periferias (Flup).

Para conhecer mais sobre o trabalho de Natielly Castro, você pode acessar seu perfil no instagram: https://www.instagram.com/natidepoesia/

Fonte: É Pop

Sair da versão mobile