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Quiosques comerciais do Parque da Maternidade sofrem com abandono, vandalismo e criminalidade; veja o estado de cada um

Inaugurado em 2002, o Parque da Maternidade, que já foi o maior cartão postal de Rio Branco, há anos sofre com a falta de manutenção frequente e consistente pelo poder público. A deterioração dos quiosques comerciais é um dos retratos desse abandono.

Dos oito espaços desse tipo no local, apenas metade se encontra em funcionamento, um deles com estrutura precária. A GAZETA percorreu os mais de seis quilômetros do também chamado Canal da Maternidade e registrou as condições de cada um desses ambientes.

Este conteúdo não leva em conta os espaços culturais, administrativos e esportivos espalhados pelo local, embora muitos deles também sofram com o mesmo problema.

Confira a seguir:

Antigo ‘O Paço’

O bar e restaurante O Paço é o estabelecimento mais antigo do parque, tendo sido aberto no mesmo ano de inauguração do canal. Foi, por bastante tempo, um dos ambientes de lazer e diversão preferido de muitos rio-branquenses. No entanto, fechou as portas, em 2020, a pedido do governo, de acordo com amigos dos proprietários, que não quiseram dar entrevista.

Lateral do restaurante O Paço – Fotos: Leandro Chaves

Atualmente, o espaço está abandonado. Embora intactos, os vidros estão sujos e pichados, bem como os muros. Há uma placa informando que o ambiente possui segurança privada. A reportagem apurou que esse serviço é pago até hoje pelos ex-locatários, talvez na esperança de, um dia, retornarem ao tradicional ambiente que ocuparam por quase 20 anos.

La Nonna

Já o La Nonna, anexo ao O Paço, também é administrado pelo mesmo grupo do empreendimento citado acima, porém, ao contrário deste, ainda mantém sua estrutura conservada. Isso porque continua em funcionamento, embora parcialmente.

Os cuidados com o local são feitos pelos próprios locatários, que encerraram as atividades de restaurante e agora trabalham somente com reservas para eventos.

Restaurante La Nonna

Em maio deste ano, a Procuradoria Geral do Estado do Acre (PGE-AC) entrou com uma ação na Justiça para reintegração de posse dos dois ambientes, para abertura de novos contratos de concessão. Os proprietários chegaram a ser intimados e ameaçados de prisão, em caso de descumprimento. Eles não quiseram dar entrevista para explicar o desenrolar do processo.

Antigo ‘Emporium Pub’

Ao lado da Concha Acústica e em frente à Biblioteca da Floresta se encontra outro ponto abandonado. Não muito tempo atrás, o espaço deu lugar a bares que movimentavam a vida noturna no parque. Hoje, o ambiente, apesar de limpo, está sem portas e janelas e possui remendos improvisados em diversas partes. Há relatos de que moradores de rua ocupam o espaço, frequentemente.

Antigo Emporium Pub: limpo, mas abandonado

Antigo ‘Doces Tropicais’

Na década de 2000, a Praça Namoradeira, no parque, era um dos maiores pontos de encontro de rua de Rio Branco. O quiosque situado naquela região funcionava como espaço central dessa manifestação.

Antigo Doces Tropicais: alvo constante de arrombamentos

Hoje, o local está parcialmente deteriorado, com remendos improvisados em quase toda a sua estrutura, que também tem pichações. A reportagem apurou que, aos finais de semana, funciona no ambiente um pequeno comércio. Um morador do entorno contou que o espaço é alvo de frequentes arrombamentos.

Quiosque do labirinto

Poucos metros depois, próximo ao antigo labirinto de madeira que existia no parque, chega-se ao quiosque que mais necessita de intervenção. O espaço está completamente deteriorado. Faltam telhas, há sinais de incêndio recente na estrutura e buracos na parede de tijolos.

Quiosque do labirinto é o mais deteriorado do parque

Cortinas sujas e improvisadas fecham as janelas e porta, dando sinais que o espaço foi ou está sendo habitado por pessoas desabrigadas. O entorno está completamente sujo de lixo, folhas secas e madeira queimada. Na parede, ainda há resquícios da pintura do antigo negócio que funcionou no ambiente e garantiu, por anos, o sustento da família locatária.

Espaço apresenta sinais de incêndio

Quiosque do ‘Expresso Hamburguer’

Outro espaço abandonado, o quiosque do antigo ‘Expresso Hambúrguer’, pouco antes do Skate Park, também possui sinais de ocupação por moradores de rua.

Empresa fechou as portas em 2022 devido a falta de segurança no parque

Espelho de bolso, embalagem de maquiagem e desodorante, garrafas de bebidas alcoólicas, cascas de coco e latinhas de refrigerante são alguns dos objetos espalhados pelo piso da área externa. O banheiro chama a atenção pela sujeira, mau cheiro e depredação.

Banheiro sujo e destruído ilustra a realidade de muitos quiosques

Em junho de 2022, a rede social da empresa anunciou o fechamento “devido aos constantes arrombamentos e roubos de fiação”. Essa foi a última publicação da Expresso Hambúrguer na rede social.

Quiosque do Skate Park

Logo após o Skate Park, ao lado de um conjunto de quadras esportivas, um pequeno negócio resiste ao abandono do parque e abre diariamente para atender, sobretudo, os desportistas que frequentam aquela região. A reportagem tentou contato com o locatário para saber se o espaço carece de algum tipo de manutenção, mas ele não retornou o contato.

Quiosque do Skate Parque resiste ao abandono do canal

Quiosque do Tacacá da Base

Um dos estabelecimentos mais conhecidos de Rio Branco, o Tacacá da Base é o último quiosque comercial do Parque da Maternidade e também resiste à falta de manutenção frequente do canal. A reportagem conversou com um dos funcionários do local, que, apesar de ser um dos mais conservados, não se manteve intacto com a passagem do tempo.

Tacacá da Base ainda mantém sua estrutura, mas sofre com goteiras

Entre os problemas de estrutura listado pelo trabalhador estão as goteiras. Ele afirma que o maior entrave enfrentado pela empresa é a falta de segurança no entorno, que afasta a clientela. As quadras esportivas situadas na proximidade carecem de manutenção, além do matagal e a baixa iluminação.

Resposta do governo

Procurada, a Secretaria de Estado de Administração (Sead) afirmou, em nota, que está finalizando os processos licitatórios para ocupação dos quiosques vazios, entre eles a do restaurante O Paço e La Nonna, cujo contrato teria sido encerrado em 2019.

Além disso, informou que os projetos de manutenção desses espaços, assim como a revitalização urbanística do parque, estão em fase de conclusão. A pasta, no entanto, não apresentou datas para ambos os processos.

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