Militares do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA) estão sendo acusados de agredir fisicamente um homem surdo e com deficiência intelectual no município de Xapuri, interior do Acre. A abordagem aconteceu na manhã do dia 5 de outubro.
De acordo com a irmã da suposta vítima, que não quis se identificar por medo de represálias, o homem de 45 anos frequenta quase que diariamente os arredores da mercearia onde foi feita a abordagem, apenas “para ver o movimento”, e que não tem passagem pela polícia.
“Meu irmão não é agressivo, não bate em ninguém. Aqui onde eu moro todo mundo conhece ele. Estamos muito preocupados com tudo isso que aconteceu”, lamenta.
Imagens da câmera de segurança do mercado captaram o momento da abordagem, mas não mostram a suposta agressão física por conta de um banner que impede a visão.
No vídeo, é possível ver o momento em que o homem, vestindo camisa rosa e bermuda escura, caminha tranquilamente em direção à frente da mercearia. Logo em seguida, quatro agentes do BPA saem de um viatura armados e vão em direção ao xapuriense, em uma abordagem que durou cerca de 40 segundos.
Nesse intervalo de tempo, três policiais chegam a desaparecer no “ponto cego” das imagens, momento em que, segundo a irmã da suposta vítima, teria acontecido a violência. Ao final, é possível perceber que o homem com deficiência reaparece nas imagens cambaleando e vai embora pelo mesmo lugar de onde veio.
A abordagem foi assistida por vários populares que estavam nos arredores. De acordo com a irmã do homem, alguns confirmaram a agressão, mas preferiram não testemunhar por medo.
“Até agora não consigo entender porque esses policiais bateram no meu irmão, que está muito assustado desde o episódio
Assista:
O outro lado
Por meio da Polícia Militar, o Batalhão de Policiamento Ambiental negou, em nota, a violência e disse que o indivíduo abordado não foi o homem com deficiência, mas outro cidadão, que “em conversa foi verificado que ele estaria repassando informações sobre a presença de órgãos ambientais no município”.
A nota diz ainda que o comando do BPA está à disposição para “ouvir a suposta vítima, suas argumentações, alegações e possíveis provas”.
A irmã do homem reagiu à nota da PM: “de que forma ele será ouvido, já que é surdo e mudo?”.