A deputada federal Socorro Neri (PP) criticou, nesta quinta-feira, 19, o negacionismo climático de colegas parlamentares e afirmou que esse ponto de vista precisa ser “urgentemente superado”. A fala aconteceu durante o seminário Mudanças Climáticas e as Consequências Sociais, na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Na ocasião, a ex-prefeita de Rio Branco citou as situações “dramáticas” vividas pelo Amazonas, por conta da seca, e pelos estados do Sul, que sofrem com inundações, para alertar que o desequilíbrio do clima já é uma realidade no planeta.
“Estamos vivenciando esses efeitos da forma mais perversa possível”, lamentou a parlamentar, que foi a autora do requerimento para a realização do seminário.
“Isso demonstra que o negacionismo com que as mudanças climáticas têm sido tratadas por parte, inclusive, de parlamentares desta Câmara dos Deputados e do Senado Federal precisa ser urgentemente superado”, completou.
Enquanto isso, no Acre, uma agenda com viés antiambiental é realizada por um grupo de senadores, no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a atuação de ONGs na Amazônia.
O relator da CPI é o senador Márcio Bittar, do União Brasil, conhecido por contestar o aquecimento global. Ele chegou a dizer, em 2021, que quem muda o clima do planeta é Deus, ignorando estudos científicos que relacionam o desequilíbrio climático com a ação humana.
Durante a agenda no Acre, Bittar criticou o Ministério Público Federal (MPF) pelo embargo às obras da estrada que ligaria Cruzeiro do Sul, no interior, a Pucallpa, no Peru. A rodovia rasgaria ao meio o Parque Nacional da Serra do Divisor, uma área gigantesca de floresta nativa singular na Amazônia.
No ano passado, o MPF afirmou que a obra seria o maior desastre socioambiental das últimas décadas no Acre, por ameaçar não só o meio ambiente, mas o modo de vida de diversas populações tradicionais que habitam a região, entre elas indígenas sem contato com a sociedade nacional.