Cada vez mais pessoas me falam da literatura como salvação. Uma leitora disse que citou um trecho de um dos meus artigos ao médico que cuidava de um parente, por ser, segundo ela, a frase certa para lidar com uma certa situação delicada. Outro leitor me disse ler para a mãe no hospital. Inspirada outra leitora doou os livros “Dias e Noites “, “A Lei do Triunfo”, “Grande Sertão Veredas” e outros para alunos da vizinhança para que eles melhorassem o desempenho no Enem.
Tantos depoimentos enviados ao longo de anos, meses, semanas e dias que só reforçam a certeza: as pessoas precisam tanto ler quanto precisam de um médico. É mesmo estimulante.
Outras tantas asseguram serem salvas diariamente pelos escritores, ou seja, pela literatura. Gente que não enlouqueceu por ter encontrado respostas a dilemas existenciais nas leituras. Gente que aguentou firme durante problemas graves de saúde devido aos livros e artigos que leu.
Gente sozinha que não se sente solitária porque escritores são suas mais fiéis e sinceras companhias. Por tudo isso (e muito mais), acho que a literatura nunca vai acabar.
Se tem algo que sempre me surpreende nessa pós-modernidade rasa, veloz e robotizada, é a potência da palavra, do fazer literário artesanal profundo, na prosa, nas reflexões e na poesia. A literatura salva?
Ao que tudo indica, sim. E pelo visto parece ser cada vez mais um antídoto, um refúgio, um oásis no deserto em que a tecnologia nos faz despencar, a cada clique, a cada tédio, a cada angústia.