O cupuaçu, tesouro culinário da Amazônia, acaba de ser oficialmente reconhecido como uma “fruta domesticada”, resultado de uma pesquisa liderada pelo pós-doutorando Matheus Colli-Silva da Universidade de São Paulo (USP). A descoberta contraria a visão anterior de que o cupuaçu era um fruto nativo, sem intervenção humana.
Através da genômica, a pesquisadora sequenciou o DNA do cupuaçu, revelando que sua domesticação ocorreu há aproximadamente 8 mil anos. Essa transformação, anteriormente desconhecida, provavelmente foi realizada por povos originários na região do médio-alto Rio Negro, no Amazonas. A pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) da USP, do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena-USP) e do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP).
A domesticação do cupuaçu, conforme indicam evidências genéticas, arqueológicas e históricas, intensificou-se nos últimos dois séculos, impulsionada pela exploração da borracha na Região Norte e pela expansão territorial durante a ditadura militar nos anos 60.
Apesar de ser uma notícia celebrada, a região Norte enfrenta desafios, como a ameaça da Monilíase. A doença, causada por um fungo, afeta o cupuaçu e o cacau. No Acre, a enfermidade que ataca o fruto foi detectada, em 2021, em Cruzeiro do Sul e Mâncio Lima.
O fungo causa lesões no interior do cupuaçu e progride para a parte externa, o que ocasiona manchas, necrose e a formação de um pó branco. Disseminada, a praga pode causar até 100% de perda na produção dessas frutas e, embora apresente grande capacidade reprodutiva no ambiente, não atinge os seres humanos.