Alunos da Universidade Federal do Acre (Ufac) realizarão uma manifestação, em frente ao Terminal Urbano, nesta terça-feira, 14, às 17h, na capital acreana, reivindicando melhores condições no transporte público e a manutenção das linhas de ônibus que podem ter os serviços suspensos pela empresa Ricco Transportes, atual responsável pelo transporte público em Rio Branco.
Ao todo, as 13 linhas que podem ser afetadas somam 42 veículos, o que, segundo eles, pode impactar diretamente muitos dos estudantes, não só da Ufac, mas também de diversas instituições de ensino superior, dificultando ainda mais, para além das questões sociais que permeiam a formação no ensino superior, a busca por um diploma.
Os Centros Acadêmicos (CAs) de diversos cursos da Ufac, juntamente com o Movimento por uma Universidade Popular (MUP), explicam que organizaram esta manifestação em prol dos estudantes que dependem das linhas e da população em geral.
Adriane Riberio é representante do CA de História Licenciatura, e fala sobre o impacto que a redução da frota teria, não somente para os estudantes, mas para a sociedade rio-branquense como um todo.
“As linhas precisam se manter ativas e sem redução porque o transporte coletivo é o principal meio de locomoção da maior parte dos estudantes e trabalhadores dessa cidade. A redução ou retirada desses ônibus causaria um colapso na cidade, aumentaria ainda mais a superlotação e prejudicaria todos que dependem diariamente dos coletivos”, afirma.
A estudante ainda reforça que é necessário maior transparência e que uma fiscalização mais severa seja feita em relação à empresa.
“O ato é um protesto não só contra a redução das linhas de ônibus, mas também pede transparência a respeito das licitações e contratos envolvendo a prefeitura e a empresa Ricco Transportes, que está atuando sem licitação e em desconformidade com a lei, e que monopoliza o transporte público em Rio Branco”, destacou a universitária.
Samina Japiassú, representando o CA de Ciências Sociais, falou sobre o descaso com o serviço, que, de acordo com ela, é de baixa qualidade e prejudica a população. “É um serviço cada vez mais precarizado. Essa movimentação não é só pela redução das linhas, mas a população que depende disso não aguenta mais, a Ricco não tem licitação, foi contratada de maneira emergencial, e este contrato foi prorrogado sem o caminho administrativo correto, ela é remunerada há mais de um ano sem ter contrato.
O curso de licenciatura em Letras Inglês também conta com seu CA participando, e a representante Virgínia Oliveira fala sobre como a falta de uma rede de transporte público adequada pode levar à evasão de alunos da graduação.
“Centenas de estudantes utilizam transporte público, todos os dias, e a diminuição nas frotas de ônibus, sobretudo os transportes que fazem rota dentro da universidade e arredores, acarretaria em complicações no desenvolvimento acadêmico desses alunos, como, por exemplo, atraso para as aulas, atraso para refeições no Restaurante Universitário e, principalmente, a evasão do ensino superior”, explica ela.
O curso de jornalismo também participa do ato. Tácila Matos é presidente do CA, e conta como a possível redução pode impactar de maneira direta o funcionamento da Ufac como um todo, pois impossibilitaria que muitos dos estudantes e profissionais chegassem ao seu local de estudo e trabalho, respectivamente.
“Se essa medida for pra frente, as aulas podem sim parar, sem os estudantes lá presentes, não tem sentido ter aula. Esse ato dos CAs junto com o MUP é muito importante, para mostrar como o transporte público está sucateado. Tem sim como estopim essa possível redução, mas ele vem pra mostrar também a má qualidade de serviço que tem sido prestado a população”.
A psicologia também se faz presente no ato, e a representante do seu Centro Acadêmico, Alyne Vitória, ressalta a problemática em se ter que reivindicar o que, segundo ela, deveria ser o mínimo para o transporte público de uma capital, que são veículos rodando em linhas importantes da cidade.
“Quem sai prejudicado são os estudantes e os trabalhadores. Chega a ser curioso que gente tenha que defender o transporte público de Rio Branco, cobrando pelo mínimo, que é ter ônibus. Boa parte dos alunos da Ufac, inclusive na psicologia, são 100% dependentes dos ônibus pra frequentar as aulas, e receber a notícia de que praticamente todas as linhas que entram na Ufac vão ser recolhidas é além do desmonte do transporte público, é um impedimento direto e incisivo das pessoas a terem acesso ao espaço da universidade”, diz Vitória.
A estudante de psicologia ainda ressalta que se as linhas de ônibus realmente foram retiradas, uma paralisação das aulas, devido a grande quantidade de alunos afetada, é quase inevitável.
O comunicado enviado por parte da prestadora do serviço pede o reajuste do contrato, que seria efetuado através de empréstimo realizado pela prefeitura, entretanto ele foi retirado da pauta, que discutiria a concessão de suprimentos, pela Câmara dos Vereadores. Ao todo, a prefeitura de Rio Branco já fez pagamentos superiores a R$10 milhões à empresa Ricco Transportes.
As linhas de ônibus que vêm sendo ameaçadas são as seguintes:
- Mocinha Magalhães
- Sobral
- Fundhacre
- Calafate
- Conj. Esperança
- Jequitibá
- UFAC
- Universitário
- Jorge Kalume
- Aeroporto/Aquiles Peret
- Ufac/Rodoviária
- Ifac/Universidades