A pedido do vereador Francisco Piaba (UB), a Câmara Municipal de Rio Branco realizou na manhã desta sexta-feira, 10, uma Audiência Pública para debater sobre a prática de soltar pipas em espaço público, bem como o uso do cerol, linha chilena ou itens de natureza cortante. O objetivo é de buscar um local apropriado para a brincadeira, longe do perímetro urbano, sem que haja perigo.
A sessão contou com a participação de familiares e amigos do jovem Fernando Roca, que foi degolado no dia 5 de outubro, com linha de cerol, enquanto pilotava sua moto; do promotor de Justiça Rodrigo Curti; de representantes da gestão pública; do presidente do Sindicato dos Mototaxistas (Sindmoto), Eriberto Gomes e do presidente da Associação de Pipeiros do Acre, Aldecino Fernandes da Silva.
“O que queremos é a fiscalização da Lei seja realmente cumprida, pois isto custou a vida do meu filho. Os que defendem o uso do cerol estão cientes de que possuem uma arma nas mãos, e que estão colocando a vida de muitas pessoas em risco. Estamos aqui pedindo justiça, que o causador da morte do meu filho seja preso. Ele não teve chance de um medicamento, de ir ao hospital, em dois minutos ele perdeu a vida. Ele era uma pessoa do bem, uma pessoa honesta, alegre, inteligente. Nunca vou me conformar com a sua partida precoce”, disse Fernando Roca, pai de Fernando Júnior Moraes.
A tragédia que vitimou Fernando, de 25 anos, mais conhecido como Fernadinho, aconteceu no dia 5 do mês passado, na Rua São Mateus, bairro Nova Esperança. A vítima trafegava em uma moto Honda 500, quando foi ferido no pescoço por uma linha chinela. O jovem morreu no local do acidente.
O presidente da Associação dos Pipeiros no Acre, Aldecino Fernandes da Silva, conhecido como “Velho da Pipa”, disse que as autoridades foram alertadas sobre essa questão, e pede que seja disponibilizado um espaço para quem gosta de soltar pipa. “O problema é ter um local para brincar. De ter um espaço, uma identificação do pipeiro. Esse é um hobby que passa de geração para geração. Atualmente brincamos na Amadeu Barbosa, próximo ao Arena da Floresta, mas não é ideal. Pedimos há anos um espaço mais distante das vias públicas, porém até agora nada foi resolvido. Somos mais de 20 mil praticantes. Não utilizamos cerol. A gente se solidariza com a dor da família, mas a culpa não é dos pipeiros que fazem parte da associação, somos responsáveis, também sou pai, jamais desejaria essa dor para ninguém”.
O promotor de Justiça Rodrigo Curti falou na tribuna que as leis, tanto estadual como municipal, que proíbem a comercialização de linhas de cerol, chilenas ou qualquer outro produto cortante para empinar pipas, deve existir uma fiscalização maior.
“O que eu vejo é falta de vontade. Então, nós estamos aqui enquanto órgão de fiscalização para cobrar que cada órgão exerça seu papel e cumpra com seu papel na fiscalização dos estabelecimentos que vendem esse tipo de material. E outra, a Polícia Militar, apesar de toda sua capilaridade nas ações, não tem condições de coibir de forma efetiva esse tipo de comportamento, esse tipo de atitude, que é uma questão cultural que precisa ser mudada. Não foi uma fatalidade, foi um ato criminoso”, frisou o magistrado.
O vereador Piaba, autor do requerimento, destacou que a audiência pública não foi sugerida para proibir de soltarem pipa, mas de coibir a venda de cerol e linha chilena na cidade.
“As leis já existem faltam somente que o poder público fiscalize. Não estamos aqui pedindo que parem de brincar, porém com responsabilidade. Que seja criado um espaço para que essas pessoas possam soltar a pipa. Queremos que a gestão municipal faça um estudo com urgência em relação a viabilidade desse local. Também iremos apresentar uma indicação a Prefeitura de Rio Branco para que interdite o espaço da pista próximo ao Arena da Floresta, a partir das 14h, para que as pessoas possam brincar com as pepetas e façam suas caminhadas de maneira segura”, concluiu o parlamentar.