O Brasil está no mapa da guerra em Gaza brigando com Israel. Os desentendimentos envolvem ásperas trocas de palavras entre diplomatas, mas também entre órgãos de segurança dos dois países.
No campo diplomático a irritação é mútua e já precede a guerra em Gaza. Agravou-se com declarações de Lula (PT) sobre as causas da guerra e o uso da palavra genocídio em relação às operações militares israelenses em resposta ao terrorismo do Hamas.
Genocídio é a palavra que o assessor internacional de Lula repetiu nesta quinta-feira (9) em Paris numa conferência internacional sobre ajuda humanitária em Gaza.
O embaixador israelense no Brasil fez críticas públicas a posturas da diplomacia brasileira, causando enorme desconforto ao Itamaraty, que já enxergava na demora da retirada de brasileiros em Gaza uma retaliação ao Brasil.
O embaixador israelense piorou notavelmente a situação ao participar de encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — um básico erro diplomático dada a situação política brasileira, mas também a relação entre órgãos de segurança e inteligência no Brasil e Israel foi abalada.
Fala-se em quebra de confiança nos dois lados.
A Polícia Federal no Brasil investigou uma empresa de segurança e espionagem israelense que vendeu equipamentos de monitoração de celulares a órgãos públicos no Brasil, irritando os israelenses.
O troco israelense foi a inusitada postagem numa rede social, por parte do primeiro-ministro de Israel, dizendo que o serviço secreto israelense é que teria alertado a PF para uma célula do Hezbollah em São Paulo, que por sua vez levou a um duro revide por parte do ministro da Justiça brasileiro e do diretor-geral da Polícia Federal.
O mal-estar é profundo e deve piorar. A postura diplomática brasileira é claramente crítica a Israel, e Israel considera que quem não está do seu lado, está contra.
Por William Waack, da CNN Brasil