Fiz drenagem duas vezes essa semana. Desinchei que foi uma beleza, 4 kg a menos, só de água. Ah, vocês querem o contato da massagista? Não galera. Foi massagem não. Drenei eu mesma, e pelos olhos. É que quarta-feira, teve a formatura do ensino médio da Lalá e sexta, a do fundamental da Sofi. Os 4 kg é mentira, inventei só pra chamar atenção de vocês. Desculpa, é que dezembro ninguém tá com paciência de ler mais nada, de fazer mais nada, de fritar um ovo que seja, tenho que me esforçar aqui.
Pois que nesse espírito de cansaço profundo e esforço contínuo, quarta-feira, atendi minha última analisanda do dia às 19h, desliguei às 19h50, tomei um banho de dois minutos – juro que dá – e cheguei na escola às 20h07. A escola é do lado de casa, graças a deus e a mim que aluguei uma casa do lado da escola.
Foi uma noite comovente do começo ao fim como costumam ser as noites de celebração. Acompanhar a formação de alguém – porque formaturas são somente símbolos de uma formação – é das coisas mais tocantes. Lalá chegou a essa escola aos 7. No início, houve uma mini dificuldade de adaptação. Mais nossa do que dela, talvez. Aí ela foi ficando à vontade, foi fazendo vínculos, azeitando os vínculos. Tenho a sensação de que pra Lalá os vínculos são o tesourinho da vida. Vê-la já com saudades do espaço que ocupou com seu brilhinho me enche de esperança.
Saí também da formatura da Sofi na chave da esperança. Sofi é de outra natureza. Embora Lalá e ela se pareçam em um tanto de coisa, os tijolos e o cimento são particulares. Chegou bem novinha na escola. Desde bem novinha, cultivou a liberdade como o objetivo máximo da experiência. Fez também seus vínculos, muitos. Fiquei ali da minha cadeira contando os abraços apertados que ela dava nos colegas. Eu tinha ido a uma festa na quinta-feira, fui dormir às 4h, acordei às 6h30 na sexta. Tava só o pó. Ainda assim drenei de mim líquido de encher garrafa pet. Chorei, viu? Por elas, pelos amigos, por mim. Acordei no sábado na certeza de que 2023 foi um ano bom. Minhas duas filhas crescidas, saudáveis e em boa companhia. Eu ainda capaz de me comover, mesmo que a vida por vezes insista em exigir frieza e produtividade. A gente vivo, eu escrevendo e tu aí lendo. Quero o ano que vem parecido com o que passou, com espaço pra trabalho, amor e festa. Com saúde pra se cansar e descansar – profunda e continuamente. Com motivo pra chorar, lubrificar o olho pra continuar vendo a vida se fazer nas minhas meninas. E desejo igualzinho pra ti. Mas pera, não é despedida não. Ainda nos vemos antes do ano acabar. Boa semana, queridos.