Na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, a comunidade Ashaninka da Aldeia Apiwtxa está colhendo os frutos de um projeto de piscicultura, que visa promover a sustentabilidade e segurança alimentar. A despesca recente de um dos mais de 20 açudes construídos e reformados nos últimos anos revelou uma grande fartura de peixes, incluindo curimatãs, bodós e pirapitingas.
O Projeto de Piscicultura, liderado pela comunidade e sua liderança Wewito Piyãko, tem se consolidado anualmente, destacando a importância da criação de peixes como um caminho crucial para a segurança alimentar e a geração de renda na região. A iniciativa busca diminuir a pressão sobre a pesca nos rios e igarapés, seguindo as estratégias delineadas no Plano de Gestão Territorial e Ambiental da Terra Indígena Kampa do Rio Amônia.
A produção resultante destina-se não apenas ao consumo familiar, mas também à alimentação escolar e à comercialização local na própria aldeia. Francisco Piyãko, coordenador da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj), destaca a importância de compartilhar essa iniciativa com as comunidades vizinhas, como parte do projeto Gestão Territorial Opirj, apoiado pelo Fundo Amazônia.
O projeto Gestão Territorial Opirj visa expandir estratégias bem-sucedidas de proteção territorial na região do Alto Juruá, consolidando a atuação coordenada em 13 Terras Indígenas. Com uma área total de 640 mil hectares e mais de 11 mil indígenas de 14 povos representados pela Opirj, o projeto é uma resposta concreta à necessidade de autonomia e autodeterminação dos povos indígenas, alinhada com a PNGATI.
Francisco Piyãko ressalta: “Estamos preparando as festas de final de ano com o resultado dos nossos trabalhos de organização, como a criação de peixes. Este projeto de piscicultura da Apiwtxa é também um exemplo para outras comunidades, que deverá ser levado pela Opirj, pois o desafio nosso é levar para todas as comunidades condições para que a gente possa fazer festas como essa. Tem muitas comunidades também já com essa iniciativa.”
Na busca pela autossuficiência alimentar, a comunidade Apiwtxa, através de iniciativas como essa, fortalece não apenas sua economia, mas também sua autonomia e soberania alimentar, contribuindo para a construção de um futuro sustentável, social, econômico e ambientalmente desejado.