Documentos recentes revelam o possível envolvimento ativo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na perseguição, no município de Capixaba, que resultou na morte da enfermeira Géssica Melo de Oliveira, de 32 anos, no dia 2 deste mês. A ação, conduzida em conjunto com o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), no âmbito do Programa Guardiões das Fronteiras, tem gerado controvérsias e levanta questões sobre a atuação do Gefron.
Conforme Boletim de Ocorrência do grupo, a PRF teria se juntado ao comboio durante o deslocamento de Rio Branco para Brasiléia, em resposta a um pedido de apoio da Polícia Militar daquele município. No entanto, o documento da Central de Atendimento e Despacho não faz menção à participação da PRF na operação, criando uma aparente contradição nos relatos.
Durante a perseguição, que se originou de uma desobediência à ordem de parada dada pelo Batalhão de Trânsito (BPTran), Géssica foi atingida por disparos policiais, perdendo o controle do veículo e indo a óbito. A defesa da vítima questiona a ausência da PRF no boletim de ocorrência, destacando a necessidade de uma investigação aprofundada para esclarecer o papel exato da instituição no incidente.
O advogado da família enfatizou a estranheza diante da discrepância nos relatos e anunciou a intenção de solicitar ao Ministério Público uma investigação sobre a participação e responsabilidade da Polícia Rodoviária Federal. A defesa também contesta a posse de uma arma de fogo pela enfermeira, alegando que ela era contra a utilização de arma de fogo por civil.
A versão apresentada pela polícia é contestada pela família, que argumenta que Géssica enfrentava problemas de saúde mental, incluindo depressão e transtornos psicóticos, o que poderia ter influenciado seu comportamento durante o incidente. A Polícia Técnica foi acionada para realizar os procedimentos necessários, incluindo a coleta de evidências, mas a família pede uma análise imparcial dos eventos.
Diante das divergências e das circunstâncias nebulosas, o Ministério Público do Estado do Acre (MPAC) instaurou um procedimento investigatório criminal para apurar possíveis crimes relacionados ao caso. O promotor de Justiça Vanderlei Batista Cerqueira ressaltou a importância de esclarecer os fatos e apurar responsabilidades, independentemente das investigações conduzidas pela Corregedoria da Polícia Militar do Acre e pela Polícia Civil. O procedimento terá duração inicial de 90 dias