Leitor querido,
que saudade. Estava de férias até ontem, por isso tanto tempo sem te escrever. Te conto com calma nas próximas semanas o que andei fazendo e pensando esses dias. Começo pedindo desculpas pela falta de aviso de ausência, mas era Natal e depois ano novo. Eu ainda no batente – intensamente no batente. Natal e ano novo é tempo de movimento intenso nos consultórios de psicanálise. Festinhas danadas de complexas para alguns analisandos. O tema família pulsando em bold. Parecidos só o dia das mães, o dos namorados e os aniversários. Mas aniversário cada um faz numa data, fica mais fácil de administrar. Aproveito e te pergunto: como foi aí pra ti? Sobrevivesse?
Pois sim, voltando às férias. Somente no dia 5, dei conta de fechar a agenda e deixar São Paulo pra trás. Vivi dias de sol, areia, mar e família. Voltei cheia de melasma e energia pro ano que já começou bonito. Ontem, fiz a última pedalada de biquíni antes do avião de onde escrevo agora. Eu ia com Tim Bernardes no fone. Gosto tanto dele. Tu escuta? Era a Balada de Tim Bernardes e talvez tenha sido a primeira vez que ouvi de verdade essa música. Lembrei agora de uma outra, do pai de Tim que diz assim: “eu me pergunto se quando a gente canta alguém presta atenção na letra”. Desculpa, pessoal, às vezes, a gente não presta não. Mas ontem eu prestei.
Quando Tim disse “Eu vou voltar a ser feliz, eu quero ser mais calmo, estou cuidando de mim mesmo. Eu vou sonhar mais uma vez porque se o sonho acabou, não é um sonho velho que vai acabar comigo. Eu vou mudar, eu já mudei, estou mudando. A vida é feita pra aproveitar. E de algum jeito acho que estou aproveitando.”, eu dei uma choradinha. É simples, eu sei. Mas é que às vezes o simples entra de um jeito, encontra qualquer coisa dentro da gente que… nossa! Esse 2023 foi tão difícil, ao mesmo tempo, talvez tenha sido o ano em que pensei com mais frequência “ainda bem que tô viva”.
Um moço que vinha no sentido contrário, me parou pra perguntar se tava tudo bem. Eu dei pausa na música e respondi na certeza do mundo todo. Sim, tá tudo bem. Esse bem não é simples não, sabe? Mas como a música me pegou e eu chorei de novo. Nossa! Eu tô bem. Uau, tá tudo bem. Que bom que tô viva. Dei play e Tim cantou: “Se por acaso o amor chamar mais uma vez, acho que vou, eu quero ir. Eu inclusive acho que já estou tentando”.
Tudo isso pra dizer que esse é meu desejo pra mim e pra ti. Que mesmo no difícil, dê pra ficar mais calmo, pra cuidar da gente, pra sonhar de novo, pra mudar, pra aproveitar e pra ouvir os chamados. Nos vemos na semana que vem. Beijo grande e presta atenção nas letras.