O aumento nos atendimentos hospitalares de acreanos com sintomas típicos de arboviroses pode, na verdade, ter relação com uma provável explosão de casos de febre oropouche, ao invés das já tradicionais dengue, zika e chikungunya. É o que aponta uma investigação preliminar do Ministério da Saúde, por meio da Fiocruz.
Após elevado percentual de negatividade dos exames para zika, dengue e chikungunya no estado, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) e o Núcleo de Doenças de Transmissão Vetorial da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) solicitaram apoio para testagem de 268 amostras de 16 municípios locais.
O resultado apontou para 118 casos positivos (44%) para a febre oropouche, que tem sintomas semelhantes à dengue. Durante todo o ano passado, apenas 60 casos foram confirmados.
Entre as cidades que tiveram testagem positiva em 2024 estão Rio Branco (54), Xapuri (21), Sena Madureira (9), Tarauacá (5), Porto Acre (5), Acrelândia (4), Plácido de Castro (4), Manoel Urbano (4), Cruzeiro do Sul (3), Brasiléia (3), Feijó (3), Capixaba (2), Assis Brasil (1).
As amostras coletadas também foram testadas para o vírus mayaro, porém, não houve casos confirmados, de acordo com o chefe do Departamento de Vigilância em Saúde da Sesacre, Edvan de Meneses. Segundo o gestor, percebeu-se uma negatividade “muito grande no número de resultados sugestivos para dengue” a partir de novembro de 2023.
A partir de dados da primeira semana epidemiológica de 2024, notou-se que os casos confirmados de oropouche (118) até então eram três vezes maiores que os de dengue (37), enquanto que não houve registros, até a publicação do relatório, de febre chikungunya e zika.
A suspeita de uma epidemia de oropouche no estado também é respaldada pelo aumento de casos confirmados da doença em outras unidades federativas da região Norte, em especial o Amazonas. O Acre aguarda o envio de kits de testagem do Ministério da Saúde para ter melhor dimensão sobre a disseminação da doença.