Os portos de Cruzeiro do Sul e Porto Walter estão mais movimentados nesta semana devido ao Festival Kãda Shawã Kaya, do Povo Shawãdawa, que começa neste sábado, 27, e segue até domingo, 29.
O Povo Arara também são conhecidos como Shawãdawa. Para chegar até a aldeia, é preciso enfrentar as curvas do Rio Juruá e navegar pelo igarapé Cruzeiro do Vale – são mais de oito horas de barco.
O percurso pelo rio já faz parte da imersão proposta pelo evento, remetendo à tradição do transporte feito pelos rios da capital, momento em que é possível ver as comunidades instaladas ao longo desse percurso.
Este é o quarto festival feito na aldeia, uma vez que outras edições foram feitas em 2017, 2018 e 2019, porém foram suspensas devido à pandemia.
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Agora, em 2024, o festival volta com tudo e pela primeira vez com o aparato do Estado. Tem gerado expectativa também a visita do governador Gladson Cameli, que deve estar presente na abertura do evento. Esta é a primeira vez que um governador visita o povo Arara.
O cacique da Aldeia, Raimundo Vale, está representando o cacique geral, que está em viagem. Para ele, este é um momento histórico para a etnia.
“A importância é revitalizar todos os nossos conhecimentos tradicionais que perdemos, mas nossa juventude precisa ter esse conhecimento. Estamos com quatro festivais, mas este é o primeiro oficializado com toda a governança do Estado, apoio do governador, prefeito e deputados federais. Então esse é mais histórico pra gente, com mais pessoas, com povo Shawãdawa reunido”, diz.
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Outras etnias também participam do evento. Romagério Huni Kuin, saiu de Feijó há três dias para poder estar na celebração. Ele é da Aldeia Morada Nova e estava terminando a pintura no rosto, em simbologia por ser um dos homens que cantam.
“Estou aqui nos preparativos. A gente vai para o espaço cultural para começar os cantos e aquecer para amanhã. A importância desse momento é compartilhar. Essa pintura para me pintar é quando eu vou para uma festa cantar. É um sinal de guerreiro, de músico”, explica.
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Outro ponto forte da cultura indígena é o artesanato. Rosilda da Silva, representante das mulheres na Aldeia, disse que todas se reuniram para expor suas artes durante a festividade.
“São organizações das mulheres, e nós ajudamos a trabalhar, fazer a limpeza para acontecer o festival. Além disso, pintamos, cantamos e estamos ansiosos por esse festival. O artesanato e a cerâmica ficam por conta nossa também. Essa é uma arte passada de mãe pra filha. Aprendi com minha mãe e passei pras minhas filhas”, diz.
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Francisca Arara, secretária dos Povos Indígenas do Acre, esteve na reunião de alinhamento e destacou que este é um momento de celebrar as conquistas e também fazer um balanço de diversas ações do governo.
“É um momento de a gente lembrar o que temos, como vários projetos de incentivo aqui na nossa aldeia, e fazer um balanço de tudo isso. Então, é preciso aproveitar para que a gente tenha consciência disso”, destacou.
Tácita Muniz