O pecuarista Sidney Zamora Filho, de 36 anos, cuja família é proprietária da Fazenda Palotina, na divisa do Acre com o Amazonas, procurou a Justiça, nesta quinta-feira, 11, para denunciar uma ameaça com arma de fogo praticada contra ele por um suposto líder de invasão, que ocupa, ilegalmente, terras em sua propriedade.
O fazendeiro, que registrou o episódio em vídeo, contou à reportagem que fazia ronda de rotina, em um veículo, quando se deparou com dois homens abrindo uma área de mata em sua propriedade, localizada no município de Lábrea, vizinho de Boca do Acre.
Ao perceber a presença de Sidney, um dos homens, identificado como Paulo Sérgio, de 50 anos, mostra a arma, semelhante a uma espingarda, como forma de intimidação. A presença do dono da propriedade não amedronta os invasores, que seguem cortando a mata.
Em certo momento, Paulo Sérgio se volta em direção ao carro, enquanto tira um objeto da bolsa. O fazendeiro, então, interrompe a filmagem e vai embora em seu carro. Por telefone, Zamora afirma que o invasor retirou um cartucho da sacola.
“Temi pela minha vida, porque esse sujeito tem uma extensa ficha criminal. Foi acusado de diversos crimes, inclusive ambiental. Já foi preso e engana as pessoas, vendendo lotes de terra que não são dele, mas, sim, da minha família”, afirma.
De acordo com o pecuarista, a área, que teria 40 mil hectares, foi invadida, desde 2016. Cerca de 10% do território já teria sido ocupado. A família de Zamora adquiriu a propriedade em 1985 e já foi beneficiada com duas reintegrações de posse.
Tramita, ainda, na Justiça amazonense, um terceiro processo de reintegração, que abarcaria os 4 mil hectares de terra perdidos para os atuais invasores. “Está na iminência de ser expedido”, adianta Sidney, que garante ter o documento de posse da área.
“Tem gente que diz que a terra é da União e que não somos donos dela. Se isso fosse verdade, como explicar as duas reintegrações de posse que obtivemos na Justiça?”, questiona o fazendeiro, que, em dezembro, chegou a entrar em conflito com o grupo.
Ele reconhece que algumas das famílias invasoras não agem de má fé, mas que estariam sendo ludibriadas pelos líderes da invasão, que seriam, majoritariamente, de Rio Branco e Porto Acre. Paulo Sérgio, por exemplo, é morador do bairro Xavier Maia, na capital acreana.
A GAZETA teve acesso à ficha de processos respondidos por Paulo, que somam 49. Onze deles foram arquivados. Os processos passaram por varas criminais, da família, de delitos de organizações criminosas, entre outros.