Hoje, como de costume diário (hábito), acordei e fui me arrumar pra ir para yoga, eis que num relance, quase que absoluto, me olho no espelho, como de costume (hábito), e vejo uma senhora de 43 anos.
Risos, e me dou conta de que minhas feições já mudaram, que algo muito diferente já se apresenta no meu olhar. Sim, senhores, vou resgatar os “olhos como janelas para alma”. E, diante dessa frase, tão bem representada pelo poeta Edgar Alan Poe, fiquei pensando o quão lindo é envelhecer, mas também como envelhecer? E me ocorreu que essa preocupação está presente em meu conteúdo interno, seja porque vi meus antepassados se preocuparem e até mesmo não gostarem de ficar “velhos”, seja porque as limitações impostas, o vigor, a vitalidade, a alegria, a ingenuidade, o raciocínio ia de alguma maneira entrando em decadência.
Eis que me reparo e deparo com a discussão hoje em grande medida e, como tudo vira uma bandeira pra chamar de “sua”, o debate do etarismo toma forma. (Ei, aqui entre nós: parece que se não temos uma causa, nos dias atuais, nos sentimos “órfãos” desamparados…Se sentem assim? Eita que ela tá valente hoje).
Pois bem ou pois mal, o fato é que, nesse quesito, temos apenas duas opções: ou envelhecer ou morrer… Qual você prefere?
Bom, nessa reflexão matinal insana e descabida, penso sobre as causas que, na atualidade, viram bandeiras (verdadeiras “guerrilhas”), em que um indivíduo ou grupo social identitário, por qualquer condição que seja, e, muitas vezes, com sua total dose de validez, discute, sem medida, com dentes e unhas (sim, estamos ainda na época da Lei de Hamurabi “que, aliás, foi o primeiro código de leis da história”, que dizia a tão conhecida “dente por dente, olho por olho”, como forma de julgamento dos criminosos). Na Bíblia, temos também, em Êxodo 21:24, a referência dessa passagem, literalmente: “Olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” Quando Deus passa pra Moisés algumas leis que deveriam orientar as premissas à época histórica-política-social.
Ora, ora, ora, sim três orasssss, para declarar o meu abismo diante das outras tantas leis que nosso Senhor já nos trouxe e ainda não entendemos e não internalizamos, de modo que torne nossas convivências mais pacíficas. E, aqui, engancho-me com a crônica da semana passada, na qual procurei atentar sobre a Quaresma. Nesses 40 dias, nessa pausa que o mundo contemporâneo se propõe, pelo menos o mundo que se diz “cristão”, dá pra gente olhar pra misericórdia. E aí, lembremos de mais uma célebre frase dita por Jesus: – “Bem aventurados os misericordiosos.” Mateus 5:7.
Mas, afinal, o que quero dizer com esse grande devaneio? Quero que nos coloquemos em xeque, nos confrontemos e tentemos para além (não menos importante) envelhecer com direitos, beleza e graça. Que nós tenhamos misericórdia dos mais jovens e não nos tornemos um peso na vida deles. Que possamos envelhecer sem tantos falsos moralismos, ou presos num passado, numa forma de viver que, muitas vezes, são frutos da imaginação e devaneios do que realmente existiu. O que passou pode virar falsa-memória. Sabiam disso?
Então, busquemos, nas causas, as contrafaces de todo debate, e tornemos ricas e frutíferas as causas sociais e identitárias, sem deixar o “discurso” esvair-se num conteúdo pobre, que beira “olho por olho, dente por dente”.
Não alimentemos ódio somente porque o outro ainda não pode compreender o “teu” entendimento de mundo, as tuas dores, as tuas opções. Talvez, a sugestão seja mais misericórdia e debates saudáveis, com argumentos e ciência. Menos especulações e as famosas teorias conspiratórias, mais bom senso e MISERICÓRDIA.
Afinal, você prefere ser do time que Jesus pede: “-Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem.” ( Lucas 23:34).
Ou do time no qual ouve: “Bem-aventurados os misericordiosos”. (Mateus 5:7)
Oremos e pensemos.
P.S.; Escrevo esse artigo me deliciando com Mozart. Comprovadamente, temos muitos benefícios ouvindo música clássica pra nossas conexões cerebrais, sinapses, e isso faz com que envelheçamos bem e com boa cognição (causa que chamo de minha, com argumentação válida e pacífica).
*Marcela Mastrangelo, mãe, filha, generosa, alegre e muito encantada com o mundo e suas curiosidades, amante da arte, música e qualquer expressão que traduza a subjetividade humana. Estudei Sociologia, Antropologia, Ciência Política, Educação, Direito, vários cursos livres e habilitei-me para atender clientes que querem adentrar no mundo do autoconhecimento. Atualmente, dedico-me à formação da vida Psicologia. Nada mais que um ser humano em suas buscas…