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Laudo de Ana Hickmann diz que Alexandre Correa transferiu R$ 41 mi para contas privadas e fraudou notas e assinaturas

A apresentadora Ana Hickmann e o empresário Alexandre Correa em evento no Villagio JK, em São Paulo - Mathilde Missioneiro - 19.jun.2019/Folhapress

Um parecer técnico pericial entregue a Ana Hickmann afirma que o ex-marido da apresentadora, Alexandre Correa, transferiu R$ 41,8 milhões da empresa da qual ambos eram sócios, a Hickmann Serviços Ltda., para suas contas particulares.

Atesta ainda que os saques foram ocultados na contabilidade da empresa, numa “manipulação” para enganar sócios e credores.

Diz ainda que o ex-marido de Ana Hickmann emitia notas frias, e que a assinatura dela foi falsificada em diversos documentos. Conclui afirmando que a contabilidade da empresa de ambos é imprestável.

O laudo é assinado pelo perito Cláudio Wagner, reconhecido pela ampla experiência em processos criminais. Os dados já foram apresentados à Justiça pelo advogado da apresentadora, Fernando José da Costa.

Em dezembro, o advogado já havia registrado uma notícia-crime para que o empresário seja investigado pelos crimes de falsidade documental, ideológica, uso de documentos falsos, lavagem de dinheiro, associação criminosa, estelionato e crime contra a economia popular.

O documento afirma que “o surpreendente [das movimentações financeiras] não se limita ao montante do numerário transferido [para as contas de Alexandre], mas sim à forma dissimulada como essas saídas foram contabilizadas”.

De acordo com a perícia, os registros dos valores transferidos para as contas particulares do ex-marido de Ana Hickmann “foram efetuados de forma completamente em desacordo com as práticas contábeis usuais”.

A maneira como os lançamentos foram feitos, diz o documento, “caracteriza claramente uma fraude contábil, pois oculta na contabilidade os saques efetuados por Alexandre Bello Correa, assim como não evidencia integralmente e de forma correta o débito dele junto a empresa referente aos respectivos saques. É uma verdadeira manipulação dos relatórios financeiros que acaba por enganar sócios e credores”.

O perito examinou extratos da empresa no banco Itaú de 2018 a 2022. No período, ele localizou 1.423 transferências eletrônicas realizadas através do internet banking da instituição financeira.

De acordo com o documento, os R$ 41,8 milhões que saíram da conta da empresa para o caixa de Alexandre foram registrados como, por exemplo, despesas judiciais, postais, trabalhistas e advocatícias.

Um montante que seria antecipação de lucro foi posteriormente modificado na contabilidade para “duplicatas a receber”.

Num outro capítulo, a auditoria afirma que havia uma “prática continuada de emissão de notas fiscais frias” na Hickmann Serviços nos anos de 2022 e 2023, “ou seja, de documentos de vendas referindo-se a negócios que não existiram”.

O perito inclusive entrou em contato com as empresas que supostamente teriam contratado os trabalhos da Hickmann Serviços, e que atestaram que jamais tinham feito isso.

O laudo aponta, no total, 32 notas frias emitidas, no total de R$ 4,9 milhões.

Com as duplicatas simuladas em mãos, diz ainda a perícia, Alexandre Correa fazia saques em bancos, factorings e fundos de investimentos em direitos creditórios (FIDC).

“Observamos também que além de descontar as notas frias emitidas, em alguns casos, uma mesma nota fria era descontada em mais de uma instituição financeira”, diz a auditoria.

Há um capítulo ainda dedicado à suposta falsificação de assinaturas de Ana Hickmann e a impostos e contribuições não pagos.

“Além do endividamento bancário e do alto custo gerado à empresa nas operações financeiras realizadas, observa-se também a falta de recolhimento de impostos, inclusive de parcelas que já estavam negociadas”, diz o documento.

No total, a Hickman Serviços teria débitos de R$ 8,6 milhões relativos a impostos federais e municipais.

Procurado, o advogado Enio Martins Murad, que representa o empresário, afirma que apresentadora “não conseguiu provar nada do que alega” e que suas afirmações são “falsas”. “Inclusive, Ana Hickmann foi quem abriu uma empresa laranja para desviar recursos das empresas”, diz.

UOL

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