De acordo com estudo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 77% dos alunos pertencentes ao 2º ano do ensino fundamental, da rede pública de ensino do Acre, não sabem ler.
A análise se baseou nos dados referentes ao ano de 2021, disponibilizados pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A avaliação foi realizada com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
De acordo com os a pesquisa, a pandemia da covid-19 extrapolou problemas que já existiam. Em nível nacional, 56% dos alunos no 2º ano não sabem ler, o que deixa o percentual do Acre bem acima da média.
Ao todo, o estado tem 8,5% da população analfabeta, sendo o maior número da região Norte. Cerca de 57 mil pessoas com mais de 15 anos não são capazes de ler. Os números são da pesquisa realizada em 2022, já na edição anterior, de 2019, os dados apontavam 68 mil, o que representa uma diminuição de 2,4%.
A Secretaria Estadual de Educação (SEE) disse, na época do estudo, que é importante realizar a alfabetização daqueles que não tiveram a oportunidade. “Durante a pandemia, o Acre passou por diversos desafios. Porém, com a retomada do ensino presencial e os investimentos que o governo vem realizando na Educação, no segundo semestre deste ano, será retomado o programa de alfabetização de jovens e adultos e certamente a meta estabelecida para até 2025 será cumprida”, disse em nota.
No Acre, a faixa etária com mais analfabetos está entre pessoas com 60 anos ou mais, na qual os valores chegam a 28,6%. Outro dado que chama atenção é que 85,9% dos analfabetos registrados no estado são pretos ou pardos.
A chefe de Educação do Unicef no Brasil, Mônica Dias Pinto, comenta sobre o impacto que esse déficit tem na vida das crianças e adolescentes.
“Ciclos de alfabetização incompletos impactam sobremaneira a trajetória escolar de crianças e adolescentes, acarretando reprovações e abandono escolar. Sem saber ler e escrever, a criança não consegue aprender, acompanhar as atividades escolares e seguir em frente”.
Um plano de Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, lançado em 2023, visa mudar este cenário, através de medidas urgentes, com a recomposição de aprendizagem, sendo focado, principalmente, em alunos matriculados no 3°, 4° e 5°, que foram afetados pela pandemia.
“É essencial, agora, acompanhar de perto a implementação desse programa, avaliando as propostas de alfabetização que estão sendo desenvolvidas em cada município e os resultados concretos delas na redução do analfabetismo no País”, diz Mônica Dias.