A Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ) está atuando de forma intensa na coordenação de esforços para monitorar e responder às enchentes na região do Juruá. Utilizando os relatos diretos de suas lideranças e as informações detalhadas do Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Juruá (DSEI ARJ), a OPIRJ busca apoio urgente de órgãos competentes para mitigar os efeitos das enchentes nas comunidades indígenas afetadas.
A situação na região do Juruá é de extrema urgência, com comunidades indígenas enfrentando enchentes devastadoras devido a um período prolongado de chuvas intensas. Lideranças das comunidades Kuntanawa, Ashaninka e Noke Koi relatam o avanço preocupante das águas, ameaçando aldeias inteiras e colocando em risco a vida, a segurança e a subsistência de centenas de famílias.
O rio Juruá e seus afluentes, como o rio Amônia, estão em níveis críticos, forçando o deslocamento de pessoas e a mobilização de recursos de emergência. “A natureza está nos mandando um recado, que precisamos cuidar melhor do nosso planeta. Nós, que vivemos em harmonia com a floresta, estamos sofrendo as consequências das mudanças climáticas”, afirma Francisco Piyãko, coordenador da OPIRJ e Liderança do Povo Ashaninka
Rivelino Kuntanawa, do povo Kuntanawa em Marechal Thaumaturgo, compartilhou sua preocupação iminente: “Aqui no nosso território muita chuva também, o rio Juruá está com bastante água, aqui na nossa aldeia já falta pouco para cobrir… a previsão aqui, pelo que a gente já conhece, pode ser uma das maiores alagações.” Edilson Rosas, liderança do povo Noke Koi, de Cruzeiro do Sul, descreveu os desafios enfrentados em sua comunidade: “Aqui na região, é chuva desde ontem… muita chuva aqui nessa hora ainda e na verdade aqui na minha terra indígena, como todo mundo sabe, que não tem rio, mas os igarapés estão todos alagados.”
A situação mais crítica está na Aldeia Apiwtxa, na Terra Indígena Kampa do Rio Amônia, em Marechal Thaumaturgo. Famílias já foram acolhidas em outras áreas mais seguras e roçados atingidos. Wewito Piyãko, presidente da Associação do Povo Ashaninka, Apiwtxa, relatou a situação alarmante: “Na Apiwtxa, muita chuva, o rio Amônia já está muito cheio e todas as famílias já estão em alerta… Para nós da aldeia já estamos preocupados porque na fronteira, lá na comunidade peruana também está chovendo muito ainda e o rio já está cheio. Já tivemos 27 roçados alagados e algumas famílias já deslocadas para áreas mais altas”
O Distrito Sanitário Especial Indígena Alto Rio Juruá (DSEI ARJ) também monitora a situação, em relatório, aponta que áreas específicas já estão sofrendo com o avanço das águas, o que impacta diretamente a vida e a moradia dos povos indígenas. O Polo Base de Feijó alertou para a possibilidade de algumas aldeias serem atingidas pela enchente, devido ao alto nível do Rio Envira. Destaca-se que a Aldeia Chico Kurumim e a Nova União, localizadas no Rio Tarauacá (Jordão), estão com água sob as casas, obrigando alguns residentes a se deslocarem para áreas mais altas. Além disso, o Bairro Kaxinawá na cidade de Jordão foi completamente evacuado, com os moradores abrigados em uma creche da cidade.
Solicitação de Apoio à FUNAI, DSEI e SEPI
Com base nesses relatos e na análise da situação fornecida pelo DSEI ARJ, a OPIRJ está convocando o apoio urgente e coordenada com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), o Distrito Sanitário Especial Indígena e a Secretaria do Estado de Povos Indígenas do Acre (SEPI). O objetivo é obter apoio efetivo no monitoramento das enchentes, avaliação dos danos e na implementação de medidas de assistência às comunidades afetadas. A OPIRJ enfatiza a importância dessa colaboração interinstitucional para enfrentar a crise das enchentes. “Reforçamos esse pedido para que possamos trabalhar em união, de forma coordenada e otimizando os esforços”, diz a organização em documento enviado às instituições.